terça-feira, 22 de março de 2011

Rua Moacyr de Castro - Uma prece para meu querido irmão



Hoje seria o aniversário do meu irmão mais velho Moacyr. Primogênito do seu José e Dona Maria de Castro tinha como marca registrada a alegria, o bom humor e estava sempre pronto para ajudar o seu próximo.



Nascido na cidade de Elias Fausto SP veio ainda muito pequeno com nossos pais e irmãos Toninho e Nair morar na Usina de Itupararanga, nosso vale encantado que ele amava e passou grande parte da sua existência.


Trabalhou até se aposentar no quadro de operações e nas folgas seu hobby era a pescaria. Segundo meu irmão Toninho ele era o cozinheiro oficial quando acampavam ao redor da represa para pescar os lambaris, as traíras e a deliciosas tilapias que foi trazida pelos portugueses a nossa terrinha.


Além de preparar os peixes sua especialidade era o arroz com frango que ele levava vivo e o mesmo ficava ciscando por perto até a hora de ir para panela (naquela época não se falava em congelados).


As pescarias nem sempre deram muito certo, em uma ocasião quando ainda eram pequenos ele fisgou o dedo do Toninho ao lançar o anzol na água, voltando para casa os dois chorando encontraram com a Dona Elvira que rapidamente resolveu o problema cortando o anzol com um alicate.

Com certeza esse não foi o motivo para desistirem ,até onde sei pescaram muitas vezes juntos ate fora do Brasil.


Certa vez eles tiveram a idéia de dar um susto na nossa mãe, foram até o pé de amora se fartaram da fruta passaram o restante no rosto e corpo e chegaram chorando... Passado o susto os dois ficaram de castigo.


Era um grande apreciador de música na época da moda caipira ou raiz como queiram. Na sede velha era onde acontecia os grandes eventos e o próximo seria um grande show de cururu logo mais a noite, colocou o seu terninho de missa passou brilhantina nos cabelos e foi todo cheiroso para o famoso evento.


Como nossa casa era próxima dava para acompanhar tudo. As horas foram passando e tudo quieto a não ser o som dos grilos e os sapos era um silencio total. Mamãe acordou o Toninho e foram ate lá e ao adentrar o local que já estava fechando as portas encontraram o mocinho dormindo em cima de uns sacos de estopa que estavam num canto.


Quando ele tinha uns 13 anos fazia ligação direta na moto do nosso pai para dar umas voltas com a Harley Davidson e depois colocava no mesmo lugar, ainda bem que nosso pai nunca ficou sabendo para sorte dele.


Meu querido irmão Moacyr foi uma pessoa do bem e deixou muitos amigos os quais o acompanharam na brava luta contra a doença que infelizmente tirou a sua vida em tão pouco tempo. Estes são apenas uns  poucos casos dos muitos que ele contou nos momentos em que lhe fiz companhia nas suas idas ao hospital.


Passado algum tempo o seu nome foi escolhido para ser o nome da rua do local que trabalhou até se aposentar na cidade de Sorocaba-SP, quando foi descerrada a placa todos os amigos estavam lá. Foi uma grande emoção.


Mano querido dedico esta crônica a você com muito amor




sexta-feira, 18 de março de 2011

Vestidos em Santos


Nash 1956

Seu Bentinho Arruda e sua esposa Dona Donneire (não era francesa, só o nome), mas para os íntimos Dona Donaria que eram nossos vizinhos e também amigos da família.


Todas as vezes que nascia um bebe lá em casa era na casa deles que nos ficávamos até a cegonha, digo a parteira ir embora. Quantas noites amanhecemos lá, pois como é sabido os bebes não tem hora certa para chegar.



Como o tempo passa muito rápido e as crianças já estavam grandinhas os amigos resolveram fazer um a viagem até Santos SP para conhecerem o mar, até porque nenhum deles tinham tido esse prazer.



Depois da reunião feita em casa, decidiram que iriam no carro de praça do Senhor Jarbas o único da cidade de Votorantim. Chegou o dia marcado todos estavam prontos e ansiosos para a grande aventura.

Mamãe como era uma mulher prevenida levou uma cesta cheia de guloseimas, e Dona Donaria não foi diferente pois era uma quituteira de mão cheia. Além dos dois casais a minha Irma Inês foi também, alias em quase todos os lugares mamãe a levava como acompanhante (acho que este e o motivo dela gostar tanto de viajar, já perdi a conta de quantos países ela conhece).


Chegando a antiga estrada do mar ficaram deslumbrados com as belezas naturais e logo mais a frente da janela do automóvel enxergaram mar com aquele verde azulado e suas ondas enormes vindo quebrar na praia com suas águas mornas.






Pena que não puderam desfrutar de todo esse paraíso porque ninguém levou maiô. Nessa época, Santos estava no auge, recebia turistas do mundo inteiro pelas belezas de suas praias e o glamour dos cassinos e hotéis cinco estrelas.






Não tenho idéia de quanto custou essa viagem, mas acredito que valeu cada tostão (como diziam os antigos), regressaram para casa todos alegres e felizes pelo lindo passeio, só a Inês que estava meio apreensiva ao contar que uma onda correu atrás dela até o calçadão..... pensem bem até onde foi a minha imaginação.


Só fui conhecer o mar quando eu tinha 13 anos e me apaixonei por ele. Quanto aos “amigos turistas” fizeram muitas viagens juntos, mas sempre por perto e era o meu pai que dirigia o seu famoso carrão.



Ao escrever esta crônica me deu uma saudade imensa dos amigos tão queridos que como meus pais não se encontram mais aqui, mas estas Doces lembranças ficarão comigo para sempre.


*Fotos internet

quarta-feira, 16 de março de 2011

Mais de 10 mil acessos - Muito obrigada


Tudo começou no ano passado quando senti aflorar na minha memória as lembranças de minha infância, juventude e assim por diante.

As linhas transcorridas repletas de emoções saíram do meu caderno e se transformaram nesse blog a fim de poder dividir com todos a trajetória não só da minha vida, mas de todos que fizeram parte dela até meus 64 anos.

Aqui relembrei minha mãe, meu pai, avós, tios, amigos, irmãos, filhos e tantas outras pessoas que fizeram a minha felicidade e contribuiram para a minha formação.

O melhor de tudo nessa vida é estar ao lado daqueles que se ama e quando não podemos, criar um espaço para isso é gratificante.


A internet possibilita a quebra de barreiras e hoje minhas crônicas são lidas em mais de 17 países e de repente a minha mãezinha está lá em Portugal sendo relembrada por tudo que fez.

Então, quero agradecer por todos que colaboraram com a marca de 10 mil acessos e desejo que os mesmos 10 mil sejam retribuídos em alegria, paz, amor e muita amizade.

Deixo aqui um belíssimo video da cantora portuguesa Dulce Pontes como presente a vocês




quarta-feira, 2 de março de 2011

Nos bons tempos do carnaval


Fui criada num regime muito rígido onde quase tudo era pecado, pois meus pais eram religiosos. Para mim que tinha um espírito livre era difícil aceitar.


Morando naquele lugar maravilhoso com piscina natural, nunca aprendi nadar, porém, numa tarde a vontade falou mais “alto”.


Sabe aqueles dias ensolarados de verão?


Então, eu estava apreciando as pessoas que se deliciavam nas águas cristalinas da nossa cachoeira quando chegou a minha vizinha com as três filhas que por sinal eram minhas amigas.



Elas entraram na água e começaram nadar, pensei que não tinha mal nenhum em fazer aquilo, em seguida pulei na água de roupa, fui até o fundo e por um milagre voltei à superfície, difícil descrever o que senti quando meu corpo entrou em contato com aquela água límpida e morna, poderia ter morrido afogada, mas acreditem foi o melhor momento que tive em minha vida.


Brincar no carnaval também não podia (Carnaval era coisa do capeta) e para o meu desespero na nossa vila havia bailes carnavalescos nos quatro dias.



Sábado à noite começavam passar em frente a nossa casa as pessoas com suas fantasias, sacolinhas de confetes e serpentinas, todas alegres entoando as marchinhas da época que eram tão lindas.


Nem preciso dizer que eu implorei para minha mãe me deixar ir, mas foi tempo perdido. Além de um não bem grande corria o risco de receber um castigo pelo atrevimento.


Confesso que naquela noite não consegui dormir tentando entender que mal podia ter ao se divertir com as minhas amiguinhas.


Na manhã seguinte não levantei cedo como de costume para ir à missa, esperei todos saírem e me aprontei para sair, passei na casa da minha amiga e fomos até o clube, como era muito cedo não havia ninguém na rua.


Para minha alegria na área da sede o chão estava repleto de confetes e serpentinas, comecei a deslizar no chão na tentativa de juntar tudo àquilo com as mãos e fui fazendo os montes para colocar numa lata que encontrei nas imediações.



Chegando em casa decorei a garagem do meu pai, liguei o radio no volume bem alto e comecei pular com a minha amiga, não demorou muito começou a parecer um monte de crianças,virou uma festa com direito a limonada e tudo mais.


Eu pulei tanto que fez um calo no meu pé, mas nem me importei, pois estava muito feliz.


Os anos se passaram e eu já estava com 18 anos, fiz uma fantasia de havaiana estilizada pelo meu irmão Vande que é um artista (até os dias de hoje faz trabalhos espetaculares em madeira e outras matérias primas) e fui ao mesmo clube da minha infância.



Dessa vez danceiiiii a noite inteira com meus amigos todos adultos como eu e foi um momento inesquecível.


Dedico esta crônica para os meus oito irmãos e todos os amigos que fizeram parte dessas doces lembranças.