quinta-feira, 29 de março de 2012

Já tinhamos Delivery nos anos 60

 
 
"Delivery"  é uma palavra muito usada nos tempos atuais, mas garanto que de moderna não tem nada. Há muitos anos atrás, meus pais já contavam com esse serviço. Naquela época não existiam shoppings e os armazéns e empórios reinavam. Lá você encontrava desde alfinetes, penicos, tamancos, alpargatas roda e outras coisas inimagináveis. 
 
Em casa tínhamos dois fornecedores fixos: SBEL, uma cooperativa paulistana da Light e o armazém da Paca, um box que ficava no Mercado Municipal de Sorocaba. Para nós, crianças, era uma festa quando os funcionários da Light descarregavam aqueles caixotes de madeira retangular cheios de guloseimas: vidros de "Toddy", caixas de aveia "Quaker", bombons "Sonho de Valsa" e bolachas "Piraquê" (que vinham numa embalagem de lata que depois usávamos como lancheirinha na escola).
 
 As latas de óleo de algodão "Salada", os litros de vinagre "Castelo", os pacotes de farinha de trigo "Santista", o fermento "Royal", as latas de margarina "Saúde", de manteiga em lata "Aviação", de leite condensado "Moça", de goiabada "Cica" 4 em 1 (essa não podia faltar). Do armazém da Paca vinha o saco de arroz de primeira, de feijão roxinho, açúcar cristal,  sacos, que depois eram aproveitados para Mamãe fazer nossas roupas. 
 
Também vinham da Paca réstias de cebola e de alho, que eram socados no pilão, para fazer o tempero com o sal "Cisne". E ainda: pacotes de café "São Paulo", de chá mate "Leão", as latas de sardinhas "Coqueiro" e peças de bacalhau que ficavam pendurados em um gancho na parede da cozinha por um tempo, aguardando serem consumidos... As bolachas "Maria", que eram vendidas por quilo, em sacos de papel.
 
Ovos não precisávamos porque tínhamos galinhas poedeiras. De material de higiene vinham: creme dental e sabonetes "Gessy", brilhantina "Glostora" para os cabelos, creme de barbear e água-velva "Bozzano" e não podemos nos esquecer do xampu "Halo" que, segundo a propaganda,  deixava os cabelos "lindos como os das estrelas de cinema!". Para a limpeza da casa tínhamos o sabão em pó "Omo",  sabão em pedra "Minerva", palha de aço "Bombril" e sapólio "Radium" que deixavam as panelas piscando, de tanto brilho. 
 
No assoalho de madeira usávamos a cera "Parquertina" vermelha que, depois de seca, era polida na base do escovão. Não posso esquecer das 300 gramas de fumo de corda, pois meu pai gostava de fumar cigarros de palha depois de ter abandonado os cigarros "Continental" sem filtro. E finalizando a lista: fósforos "Pinheiro", graxa para sapato "Nugget" e um par de tamancos de madeira.
 
 Pensando bem, estou com peninha do meu pai ter de pagar essa despesa sozinho para onze pessoas. Dá até medo só de pensar em fazer as contas! 
 
Detalhe: mamãe foi fiel a todas essas marcas durante toda a sua vida... Não posso encerrar sem lembrar do  do meu irmão, Toninho, que entregava pão e leite todas as manhãs nas casas da Vila.

sábado, 17 de março de 2012

Minissérie Nunca Desista de seus sonhos - ULTÍMO CAPITULO - PARTE 2 - FIM


A mudança de todos os trabalhadores da Usina de Itupararanga, de todos os tempos, não foi realizada em apenas uma semana, como Mr. Smith previra, mas em doze dias. Pode-se imaginar o entra e sai de caminhões de mudança nesse período, a chegada de família após família, a atividade de descarregar os caminhões, de se ajeitar os móveis em seus devidos lugares em cada residência no Acampamento, Balanço, Alto do Morro, Represa. Também, o retorno dos caminhões vazios, às cidades circunvizinhas. Na verdade, os porteiros mal davam conta de manter o Portão fechado. Então, quando todas as famílias estavam devidamente assentadas, definiu-se a data para a “Festa da Restauração”. Ela foi marcada para o Sábado seguinte à chegada da última família. Vocês hão de se lembrar que muitos vestidos haviam sido encomendados para a Landa no primeiro dia da chegada de Mr. Smith à Itupararanga, quando aventou-se a ideia de um grande baile na inauguração da Sede. Pois no período em que estivera de volta ao seu ateliê de costura, em Votorantim, a costureira Landa não parou um segundo e, agora, de volta ao Vale Encantado, já tinha entregue quase uma dúzia de vestidos às mulheres dali. Os homens tinham pedido que suas esposas, mães, filhas lavassem e passassem impecavelmente suas melhores camisas e ternos e cuidaram de engraxar os sapatos até que se pudesse pentear o cabelo neles. Bem, no dia marcado, uma iluminação foi preparada de tal forma que cada carro que encostasse junto à calçada da Sede um spot redondo, como esses que se vê em shows e teatros mostrasse as pessoas que chegavam. E havia um tapete vermelho desde o ponto de desembarque até o interior da Sede. Em seu interior havia uma iluminação especial na base de luzes negras e estroboscópicas para lembrar como sempre foram os bailinhos. Sobre o palco um tanto escuro um conjunto tocava músicas de décadas passadas, buscando, em cada seleção agradar todas as faixas etárias. A Sede estava lotada! Muitos casais dançavam e de vez em quando um ou outro saía para respirar um pouco na área e outros ocupavam seu lugar. Estava tudo muito lindo, as pessoas, felizes, confraternizavam, riam, se lembravam de fatos passados, iam até o balcão do bar tomar um refrigerante ou uma cerveja e voltavam para novas seleções. O ambiente era completamente familiar: filhos dançavam com mães, pais com filhas, primos com primas, irmãos com irmãs. Os casais de namorados (ou já casados) em clima de romance preferiam as músicas lentas. A festa seguiu assim por umas duas horas, até que as luzes todas se acenderam e o Nego, Orlando Camargo e o Alberto Pagan subiram ao palco. O conjunto aproveitou para ir se refrescar e o baterista-goleiro “Borracha”, sempre bem-humorado, fingiu tropeçar no último degrau arrancando risadas dos que estavam próximos. Nego foi o primeiro a falar: “Boa noite, amigos! Não há como negar que nossa festa está maravilhosa e estou aqui em cima muito feliz na qualidade do segundo Presidente do S.P.Electric que mais tempo administrou o clube ao longo das últimas décadas para saudar a todos e para anunciar este aqui, ao meu lado, o meu amigo Orlando Camargo, o primeiro, aquele que por mais tempo presidiu este clube maravilhoso, a quem eu peço uma salva de palmas e que agora também tem umas palavrinhas para vocês”. Muitas palmas foram ouvidas, misturadas a assovios e a gritos de “Aí Orlando!”. Aquele homem moreno de fronte alta e tão querido de todos estava muito emocionado, nervoso, quando se postou diante do microfone. Num gesto automático ele bateu com o indicador no microfone para ver se estava funcionando e um imenso “toc, toc” ecoou pelo salão. Muitos riram desse seu gesto impensado. Pois, se o Nego acabara de falar com o microfone funcionando direitinho, seria muito improvável que o som tivesse sumido assim, do nada, em questão de segundos. O fato é que o Sr. Orlando começou a falar e com seu jeito simples fez um discurso curto, mas muito tocante a todos. Ele se lembrou de alguns episódios ao longo da história do clube que, com muito orgulho, administrara. Fez menção honrosa a alguns nomes, dentre os quais, destacamos Didi Borges e Enéas Verano. O primeiro, como, certamente, o maior admirador do S.P.E.F. Clube de todos os tempos e que agora iria, uma vez mais, ter a oportunidade de ver seu time de coração florescer e de torcer por ele. Quanto ao Sr. Enéas, o Presidente Orlando destacou que aquele homem sempre usara as dependências da Sede para as festas escolares de entrega de diplomas e de prêmios aos alunos que se mais se destacavam durante o ano letivo. Mais palmas se ouviram com gritos de “Viva Seu Enéas!”. O velho professor ficou vermelho de vergonha e deu um sorrisinho acanhado por trás de seu bigodinho branco. Parecia desconfortável com tanta atenção sobre si e logo meteu as duas mãos nas calças largas de seu terno branco. E o Orlando encerrou dizendo mais duas coisas. Abraçou o Nego que ainda estava ali ao seu lado e disse que ele tinha sido o melhor e maior organizador de churrascos nos primeiros de Maio de todos os tempos e pediu para o amigo outra salva de palmas. “Aí Negão!” alguém gritou. Lá de fora, da área, veio um comentário em voz alta que parecia ser a voz do Du o do Mário Pudim: “Negão, nos seus churrascos só tinha sebo!”. E foi uma explosão de gargalhadas na Sede toda, inclusive do próprio Nego, que retrucou: “Ah é?! Espere aí que vou te mostrar já já quem é que vou assar no espeto na festa deste ano!”. Mais gargalhadas. Era o velho espírito “laitense” ou como se diz oficialmente “dos moradores da Vila de funcionários da Usina de Itupararanga” de volta. Em outras palavras: aquele misto de brincadeiras e troças com direito a réplicas espirituosas, mas que nunca descambavam para a ofensa ou para a baixaria. A segunda e última coisa que o Orlando disse, antes de deixar o palco, foi: “E agora, queridos amigos, quero que todos recebam efusivamente o grande responsável por estarmos todos aqui hoje nesta nossa maravilhosa renovação de vidas: vamos ouvir o nosso grande líder: Mr. Smith!”. Enquanto Orlando e Nego desciam do palco, permanecendo lá em cima apenas o tradutor oficial, Alberto Pagan, e até por muitos minutos depois de Mr. Smith ter se aproximado dos microfones o que se viu foi uma das mais efusivas manifestações de gratidão através de palmas já dirigidas a alguém. Mr. Smith com seu jeito gringo foi mudando do rosa para vermelho, depois para o roxo e daí para uma palidez e, por muitas vezes, agradeceu fazendo sinal para que as pessoas parassem de aplaudir. O que só aconteceu depois de um bom tempo! E falando de improviso sempre traduzido por Pagan aquele homem começou: “Ladies and Gentlemen...” – “Senhoras e Senhores, é com grande prazer que junto-me à vocês, hoje, para esta grande celebração que comemora algo poucas vezes visto neste planeta. A reconstrução não apenas de um lugar maravilhoso, em um vale que vocês chamam de ‘encantado’, de tão lindo, mas, acima de tudo, a possibilidade de se repetir a reunião de pessoas provenientes de todas as raças, cores e credos, unidas sob um mesmo pensamento: o de conviverem em paz e harmonia se relacionando com amor e muito respeito mútuo. Por esta vila passaram muitas pessoas nos últimos 100 anos. Há casais aqui que chegaram sozinhos e hoje possuem mais de 50 descendentes! E o que é mais fascinante é que o que muitos de vocês chamam “Vida”, nos reserva grandes surpresas. Afinal, quando vocês poderiam imaginar que, após tantos anos, tudo isso vos seria devolvido? E agora há algo muito importante que quero lhes dizer...” Nesse instante, Mr. Smith passou a falar num português tão perfeito que todos o entendiam e Pagan não precisou dizer mais nada. “Quero lhes dizer que nome não é John Smith...”, e a face daquele homem foi ficando pálida e de seu corpo passou a emanar um brilho, uma luz, que causou espanto e paralizou a todos os presentes! “...Eu sou um enviado de Deus, amigos e o que Ele quis lhes ensinar é que se vocês se unirem dentro de um propósito permeado de amor pode sim acontecer um milagre! Mas, agora que já creem nisso minha missão está cumprida e eu saio de cena para que estes fatos continuem a ser lembrados por muitas gerações... E que prossiga o baile!” . Estas foram suas últimas palavras antes de desaparecer por completo para estupefamento de todos! Depois de refeitos do choque os integrantes da banda voltaram a se posicionar sobre o palco e começaram a tocar uma das músicas que mais amo: “Love me Tender”. Eu comecei a procurar meu amado marido, com quem pretendia dançar essa música quando uma espécie de torpor, de atordoamento trouxeram de longe, aos meus ouvidos, uns latidos que pareciam ser do...PEPE! Só me dei conta do que realmente acontecia quando, ainda encantada pelos efeitos do sono, recebi várias lambidas no rosto de meu travesso cãozinho. Eu simplesmente não queria abrir os olhos, voltar ao mundo real, interromper aquele lindo sonho(?). Até que finalmente abri os olhos e a expressão que vi nos olhinhos de Pepe pareciam me dizer: “Nunca Desista de Seus sonhos!”, e eu o abracei bem forte sentindo duas lágrimas quentes escorrerem-me pela face... FIM!

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Nota: Cliquem aqui http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=wGa2tHUcgbU e assistam ao lindo vídeo preparado no qual a maioria das famílias que viveram em Itupararanga são homenageadas.

Minissérie Nunca Desista de seus sonhos - ULTÍMO CAPITULO - PARTE 1


Ao acompanhar a última pincelada, na última parede da Sede, o encarregado de obras olhou para o relógio e viu que os ponteiros cravavam 1h58 da manhã. Aquela madrugada de terça-feira estava um tanto fria e o vento fazia os eucaliptos vergarem e rangerem por toda área onde estavam plantados, que ia desde a frente da escola, contornava o parquinho e subia rumo à Sede até a cerca do campo de futebol. O primeiro pensamento que passou pela cabeça daquele homem vestindo macacão, bem agasalhado e com um capacete branco na cabeça foi: “Meu Deus, nós conseguimos! Nós conseguimos!!”. Mas ele não conseguiu dizer nada e nem mover um músculo. Seus olhos marejados perscrutaram ao redor e se fixaram no negro Crispim, autor da última pincelada naquela imensa obra de restauração, que ainda não se dava conta da importância de seu gesto e se preocupava com coisas menores como tampar a lata de tinta e lavar os pincéis que usara em um recipiente com água raz. Então um dos homens da equipe de pintores, também distraído, quebrou o silêncio e brincou com o Crispim, que continuava de cócoras guardando seus apetrechos: “E aí ‘Belo Belo’, missão cumprida?”. Com seu vozeirão rouco Crispim resmungou uma espécie de “Cabamos!” e foi aqui que os demais homens se ligaram no que acabara de acontecer. Eles se entreolharam e começaram a gritar “Terminou, terminou!” e a pular e a jogar seus capacetes para cima e a se abraçar e a assoviar. Aquela agitação toda começou a atrair a atenção de outros homens e foi se espalhando por toda a Vila chegando às tendas refeitórios e aos acampamentos. Os homens que dormiam foram acordando, se vestindo rapidamente e saindo de suas barracas e dali na direção dos outros homens rumo à Sede. Não tardou para que cada homem que estava na Usina de Itupararanga soubesse que a restauração havia terminado e se juntasse à grande folia que se armava pelas poucas ruas do Acampamento. Ironicamente, Mr. Smith, que teoricamente deveria ser a primeira pessoa a ser informada do encerramento das obras, a esta altura, ainda não sabia de nada. Na verdade, vencido pelo cansaço, ele dormia à sono solto, sentado numa poltrona na sala de estar da casa dos chefes, diante da lareira que ele havia acendido algumas horas antes. Em seu colo, um exemplar do Jornal Cruzeiro do Sul de Sorocaba, de 28 de Abril de 1912, sob o título “São Paulo Electric Company” trazia a seguinte notícia:
“Inauguração da terceira unidade da Empresa. As instalações da São Paulo Electric Company, no Itupararanga, são um trabalho gigantesco que muito honrará a nossa cidade. Trabalham diariamente, ali, cerca de 2.000 operários durante um ano na construção da nova barragem, canal, um túnel de 500 metros, casa de força, plano inclinado, casas para os empregados e outros edifícios e obras precisas. A primeira unidade de força é a que foi instalada pela extinta Empresa Elétrica para fornecer força e luz à Sorocaba; a segunda destinada a São Roque e Piedade. O gerador inaugurado é dos conhecidos fabricantes Siemens Schuker-Werke. Tem a capacidade de 1.650 kilowats e acha-se diretamente ligado a uma turbina dupla de 2.000 cavalos, dos fabricantes Voight typo francez, com 450 revoluções por minuto. A queda total da água, desde o canal, passando pelo Pen-Stock até o Tail-Race é de 41 metros. A turbina requer 4,8 metros cúbicos de água por segundo para desenvolver toda a sua potência. A energia elétrica é de 2000 volts, trifásica, com 60 cyclos e é transformada para 15.000 volts por meio de dois transformadores Step – Up de 950 kylowats cada um, donde partem os cabos transmissores. A linha de transmissão era construída com postes de madeira guarantan, isoladores de alta tensão e trifásica, 15.000 volts. A Companhia tem água num total de 4.000 cavalos em sua estação geradora provisória. O canal é de 2 kilometros de extensão. A queda de água tem uma diferença de nível de 206 metros, 32.000 cavalos. O ponto culminante da serra de São Francisco é de 900 metros acima do nível do mar. Depois da inauguração onde se achavam os dirigentes da São Paulo Electric, altas autoridades civis e militares de Sorocaba, São Roque, Una e Piedade, houve um opíparo banquete. A meza em forma de U equivalente a 100 talheres . Esse banquete foi dirigido pelo Sr. Frank Robotton. Abrilhantou essa significativa festa uma orquestra de Sorocaba. Houve discursos, brindes, etc. Com essas primitivas obras a São Paulo Electric despendeu 6.000 contos de reis”.
O sono de Mr. Smith foi interrompido com o barulho do apito da Usina que tocou uma, duas, três... incontáveis vezes, por cerca de 15 minutos. Mr. Smith acordou de sobressalto e à medida que ia despertando ao ouvir os incessantes apitos vindos da Casa de Forças, disse em voz audível apenas para si próprio: “It’s done!” (Está feito!). Então ele deu uns passos até seu escritório, abriu a última gaveta de sua escrivaninha de ébano entalhada de onde tirou uma garrafa com cerca de 2/3 de um velho scotch que ele guardava para ocasiões especiais. Ele sentia uma alegria indizível ao tomar o conteúdo do copo numa única talagada. Sua próxima reação foi olhar no relógio, que marcava, 3h25 e antes que tivesse tempo sequer de jogar um pouco de água no rosto ouviu barulho de buzinas vindo da alameda que dava acesso às casas da chefia e que ia da Casa de Pólvoras ao Inclinado. Ele abriu uma das venezianas e vislumbrou os faróis de veículos em fila ali sob os pinheirinhos da alameda e percebeu o vulto de um exército de trabalhadores junto aos carros. Os homens haviam decidido não telefonar para Mr. Smith sobre a conclusão da obra, mas a lhe darem a notícia pessoalmente. Os homens falavam em tom alterado, assoviavam e estavam bem animados, mas, isto até se achegarem à casa maior. Como eram muitos, foram se posicionando atrás dos veículos e junto à escada que descia da alameda à cozinha e, também, ao redor da casa, naquela passarela de cimento que liga as Casas da Chefia à Usina. Então finalmente se calaram e ficaram no mais profundo silêncio e a única coisa que por instantes se ouviu, foi uma outra lufada de vento forte soprando desde aquela curva na frente da Casa de Forças (justamente apelidada de “Curva do Vento”). O Sr. Laércio Veiga, com toda sua classe e bom relacionamento que sempre manteve com a chefia foi o porta-voz daquela massa de centenas de empregados ao redor da casa e, quando Mr. Smith, saiu da casa para recebê-lo, o Sr. Laércio simplesmente disse: “Mr Smith, eu...”. E o estrangeiro o interrompeu: "Eu sei Laércio, naturalmente já entendi o que aconteceu! Parabéns a você a todo este exército de valorosos trabalhadores. Eu estou muito orgulhoso de cada um de vocês. Parabéns, Parabéns!”. E palmas foram ouvidas”. "Pedro Augusto? Cadê você", indagou Mr. Smith. “Sim, Sr. Smith. Estou aqui na escada, pode dizer...”. Mesmo sem enxergá-lo direito Mr. Smith ordenou. “Como chefe da garagem, faça todo o possível, desde já, para que todos os nossos veículos voltem às cidades mais próximas para buscar as esposas e filhos de todos os homens. Eu sei que isso será um trabalho monstruoso. Mas, espero que em uma semana todos já tenham se mudado de volta para suas casas novas e, quando isso tiver acontecido, vamos para a festa!”. "Sim senhor, Smith com todo o prazer!", respondeu o Pedrão. "Gente, de volta à frente da Sede. Preciso de ajuda e vamos buscar nossa gente para daqui nunca mais sairmos...", emendou. Não precisa nem dizer da gritaria que novamente se fez e da quantidade de abraços que novamente foram dados... (Continua).

Obs: Notícia do "Cruzeiro do Sul", extraída do livro "Sorocaba de Ontem", de Antonio Francisco Gaspar, edição comemorativa ao 3º Centenário de Sorocaba, 1954, pp. 50-51.

quinta-feira, 8 de março de 2012

MAIS DE 22 MIL ACESSOS..MUITO OBRIGADA


Agradeço os mais de 22 mil acessos recebidos até hoje. São mais de 20 países e pessoas do Brasil todo.
Muito obrigada
Abraços a todos