domingo, 25 de setembro de 2011

Minissérie - Nunca desista dos seus sonhos - capítulos 9,10,11 e 12



...Começou pelo Sr. Cipriano. Indicou sua casa, à beira da represa e ordenou que cuidasse dela. Depois, fez o mesmo com os seus vizinhos, Srs. Valter e Morelli. Em seguida, dirigiu-se ao Sr. Belmiro no alto do morro e a seus vizinhos, cujos nomes não me lembro.

No momento seguinte, aquele senhor estrangeiro avistou alguém em meio a multidão e se dirigiu a ele: “Sr. Genésio, preciso do senhor na Casa de Válvulas! Tenho que por o troller para funcionar com certa urgência. Vamos precisar muito dele! Posso contar com o senhor, não? Que bom! Não se esqueça de se proteger bem, pois, na trilha que sobe para o morro costumam aparecer cobras. Vista também um bom agasalho; lá em cima, faz muito frio. E, um rádio de pilhas, vai ajudar o tempo passar mais rápido quando estiver lá, sozinho, no meio do nada. Não vai ser fácil, mas, conheço sua bravura e asseguro-lhe que o senhor também irá revezar com outros maquinistas”. Próximo ao inclinado Sr João Monteiro continuava a serrar lenha para abastecer as casas do Balanço.



Voltando-se para um lado e procurando entre aquele oceano de cabeças, o homem alto, de repente, apontou para um senhor moreno, esguio, de rosto magro e sereno: “Para comandar o troller, preciso que o senhor assuma, Sr. Antonio Carvalho! Fique tranqüilo que chamarei outros troleiros em seguida. O senhor também não estará sozinho. Não o estou vendo agora, daqui, mas, por favor, diga ao Sr. Rodrigo, seu irmão, que ele fica com a reforma da Pensão do Balanço, pois já conheço sua reputação de excelente mestre de obras. Avise-o que poderá se mudar com a família imediatamente para a casa ao lado.

À medida que o estrangeiro alto ia dando suas instruções, as pessoas imediatamente deixavam aquele enorme grupo de pessoas e o obedeciam. “Sr. José de Castro Sobrinho, ‘Zé Ferreiro’, não? Vejo aqui, nestes meus apontamentos, que é assim que o chamam” (e aqui se permitiu um leve sorriso para emendar logo em seguida): “Pois, Sr. “Zé Ferreiro”, tome posse da sua Ferraria! Já mandei para lá o Sr. Luis ‘Carioca’, para trabalharem juntos. Quanto à sua casa, o senhor terá que esperar um pouco mais, pois, ao longo do tempo, ela, infelizmente, sucumbiu, por negligência de alguns. Mas logo daremos um jeito nisso... Para a reforma pode usar os tijolos que estão ali! Vieram da Iugoslávia. Talvez o senhor nem saiba, mas seu neto, Saulo, levou um desses, de lembrança, no dia que esteve aqui. Para que o trabalho renda, sugiro que peça ajuda a seus filhos, que pelo que disseram são dez!”.

.....Continua


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Minissérie NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS - Capítulos 5, 6, 7 e 8

Capítulo 5
Com o passar do tempo os moradores do vale foram miscigenando e uma nova raça foi surgindo com a mistura dos descendentes de índios, negros e estrangeiros que tiveram a sorte de viver naquele lugar abençoado por Deus. Com muito orgulho posso dizer que sou uma dessas pessoas que ali nasceram, uma autêntica filha da Light!



Capítulo 6
A vila de que falamos localiza-se na Usina de Itupararanga, também conhecida como “Light”, o complexo produtor de energia encravado nas montanhas da Serra de São Francisco. Na verdade estou pasma de ver como são escassas as informações - e grande o desconhecimento aqui nas redondezas - a respeito de projeto tão importante que atraiu pessoas do mundo inteiro para trabalhar em sua construção, que promoveu enorme desenvolvimento para Votorantim e para todo o Estado, quando a cidade ainda não passava de um mero distrito de Sorocaba.



Capítulo 7
Quem não conhece bem os filhos da Light, costuma dizer que somos “um bando de sonhadores!”. Bem, em primeiro lugar, sonhar não é proibido e, depois, é muito bom constar que mesmo tendo nos tornado: jornalistas, médicos, delegados, professores, advogados, dentistas, mecânicos, pastores, enfim, profissionais das mais diversas áreas, continuamos todos unidos pelo mesmo sonho: tornar o mundo melhor salvando o nosso santuário ecológico da destruição, não somente para saciar nossa nostalgia, mas, pelo resgate cultural e a preservação da memória e a história de nosso querido país. Sonhar um sonho sozinho e apenas um sonho, mas, juntos, uma realidade.

Capítulo 8
Ontem a noite estava lendo um pouco e passei para o sono. Quando acordei me vi num lugar que não me era estranho, uma espécie de dejavu. Nesse local havia uma multidão falando vários idiomas ao mesmo tempo e eu fiquei um pouco aflita porque não conseguia entender o que elas diziam. Parecia a Torre de Babel. Em cima de um palanque improvisado um senhor alto, de cabelos alourados, olhos claros e sotaque arrastado, que parecia ser inglês, começou a chamar as pessoas pelos nomes e funções que antigamente exerceram.



...Aguardem os próximos capítulos

domingo, 11 de setembro de 2011

Minha minissérie - NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS - Capítulos 1-2-3 e 4

Em comemoração aos mais de 17 mil acessos, que a partir de hoje, estarei postando a minissérie que escrevi especialmente para o blog Filhos da Light.
São personagens reais dentro de uma ficção sobre a Vila de Itupararanga,onde nasci e permaneci até meus 22 anos.
Começo com os quatro primeiros capítulos e espero que gostem.
Abraços a todos
Natalina

Capítulo 1

Em uma vila escondida em meio a um vale rodeado de árvores e rochas, formadas há milhões de anos e parecido com o Grand Canyon, as pessoas viviam felizes e suas crianças cresciam livremente em contato com a natureza. Fosse nos jardins ou quintais de suas casas, onde era natural ouvirem o canto dos pássaros, fosse usufruindo das exuberantes cachoeiras e rios que lhes proporcionavam horas deliciosas de lazer ao nadarem em suas águas cristalinas ou pescando nelas acarás, lambaris e bagres. Ou, ainda, brincando aqui e ali, quem sabe, simplesmente caminhando pelas inúmeras trilhas onde, às vezes, uma cobrinha verde (caninana) ousava rastejar por entre seus pés - a integração era tamanha, entre homem e a natureza, naquele lugar, que pessoas e bichos conviviam em perfeita harmonia e, meio que sem fazerem conta um do outro, cada qual seguia seu destino...

 Capítulo 2

Muitas pessoas passam a vida acumulando bens para desfrutarem de uma vida com qualidade na velhice. Com as pessoas daquele vale, porém, entre as quais tenho a felicidade de me incluir, era diferente, pois, já começávamos pelo lado bom da vida. Havia fartura e abundância de tudo ali. Ninguém vivia com dificuldade, as centenas de pessoas que lá conviviam eram, todas, solidárias e amigas. Elas se conheciam há muito tempo e não havia preconceito e nem discriminação; por isto, também, confiavam umas nas outras para todas as horas e circunstâncias. Quem sabe isso explique porque nós, os que um dia ali moramos, nunca conseguimos nos adaptar vivendo longe da proteção das montanhas daquele vale encantado.

Capítulo 3

Mas, não se tratava só da natureza, as construções eram igualmente fascinantes! Afinal, que tecnologia foi aquela (surpreendente até para os dias de hoje) capaz de erigir tal obra faraônica? De onde vieram os empreendedores estrangeiros, com seus recursos e também os construtores fantásticos que cortaram com tamanha perfeição aquelas pedras imensas, de quase meia tonelada cada, e as colocaram com precisão, umas sobre as outras, em tão pouco tempo? Que conhecimento foi aquele? 
 Capítulo 4
As casas do vilarejo agrupavam-se em dois núcleos separados por uma elevação na topografia local. Ao núcleo do nível inferior, deu-se o nome “Acampamento” e ao do nível superior, “Balanço”. As escadas do Balanço, com seus degraus enormes, cortados com a mesma perícia, continuam intactas, mesmo com a falta de manutenção, pelo homem e as agressões da natureza. E que dizer daquela tubulação gigante descendo montanha abaixo, por centenas de metros, até a Usina? Quem pode me responder como chegaram lá? “Seriam os laitenses astronautas?” Uma coisa que eles certamente eram: auto-suficientes. Criavam animais que lhes forneciam carne e leite para o próprio consumo, pescavam (havia abundância de peixes por todas as represas, rios e lagos do vale), tinham árvores frutíferas e hortas em seus quintais. Costuravam suas próprias roupas, buscavam lenha no mato para abastecer seus fogões quase primitivos, mas que, além do alimento, lhes proporcionavam o conforto de água quente circulando por um sistema de encanamentos que iam dos fogões aos chuveiros e a todas as torneiras de suas casas.
....Em breve mais capítulos!

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