sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Para a querida Dona Tonica


Estamos quase chegando ao mês de novembro, portanto as vésperas do dia de finados, essa data tão especial que podemos reverenciar as pessoas tão queridas que perdemos ao longo da nossa caminhada. Embora ainda tenhamos muito que aprender, elas contribuíram muito para o nosso crescimento.

Na pessoa da D.Tonica (apelido carinhoso) quero fazer essa singela homenagem a todos os entes queridos que nos deixaram tanta saudade nessa vila que era uma grande família chamada Light. Eu poderia ter escolhido a minha mãe ou as mães dos meus amigos, mas fiquei com medo que as lembranças dela caiam em total esquecimento, principalmente por pessoas como eu que a conheceu ainda era muito pequena.


As palavras se perdem ao longo do tempo, mas as escritas são eternas e Dona Tonica era uma pessoa muito frágil de modos simples, porém de um enorme carisma. Era amada por todos que a rodeavam.


Duas vezes por semana eu ia ate sua casa comprar fermento fleichmam para minha mãe e amassar o pão, tarefa essa que, nós, meninas, aprendíamos muito cedo. Logo de manhã lá estava ela toda arrumadinha com seu avental branco e seu batom vermelho, segundo ela, o marido não gostava de esposa que não se cuida ou algo parecido.


Eu tinha que subir numa mureta que ficava logo abaixo da sua janela para fazer o pedido, enquanto ela ia buscar o produto na geladeira (objeto raro na época) eu ficava observado como era linda a sua sala com aquele sofá de tecido estampado e como brilhava o assoalho de madeira.

 Nos finais do ano era montada uma enorme árvore de natal que alcançava a metade da sala toda iluminada com lâmpadas coloridas (ainda não existiam pisca-piscas). Seu primogênito já era um rapaz, quando ela adotou aquele bebezinho com apenas três dias de vida.


Tinha ficado órfão de mãe, foi uma dedicação total, até nos dias de hoje ela é lembrada por esse menino com muito amor e gratidão. E já se passaram mais de 65 anos!

Na volta da cozinha trazia em uma das mãos o fermento embalado como se fosse uma trouxinha e na outra uma deliciosa fruta do seu pomar: manga, goiaba, figo, dependendo da época.

E finalmente tinha que lhe contar todas as novidades da minha casa, pois não podia ir embora sem ao menos dois dedinhos de prosa, já que era uma pessoa bem informada.

Com certeza a volta para casa era muito mais suave, depois de tanto carinho e degustar aquelas frutas tão gostosas. Quando ela nos deixou eu tinha uns 15 anos, foi uma grande perda e nos deixou muita saudade.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Uma questão de gosto


Segundo os estilistas não são todas as cores que combinam em alguns eventos. Hoje em dia, usa-se preto para tudo: velórios, casamentos, nos shoppings e até em batizados de bonecas; e tem pessoas que afirmam que um pretinho básico emagrece, mas nem sempre foi assim.



Antigamente quando morria alguém da família todos ficavam de luto por um ano, as mulheres usavam roupas pretas e os homens uma tarja preta na manga da camisa, e se a viúva tirasse a roupa antes do tempo era descriminada e chamada de viúva alegre.


Minha mãe não gostava de roupa preta, ela fazia parte de uma congregação na igreja católica e para o desgosto dela alguém da irmandade escolheu um tipo de uniforme preto e toda última sexta feira do mês ela ia contrariada com a roupa.


Um dia meu pai estava muito mal no hospital e apareceu uma pessoa para visitá-lo, vestido de preto e mesmo ele estando muito mal perguntou para mim quem tinha morrido. Ainda bem que as coisas mudaram.

Algum tempo atrás eu fui a um velório (apesar de não gostar) a viúva estava de conjunto adidas vermelho e o cabelo enrolado com uma porção de bobs, fico aqui pensando como é que uma pessoa tem cabeça para por bobs nesse dia, mas enfim “Cada louco com a sua cabeça" como já dizia o meu avô.


E pensar que antes dos anos setenta todos andavam de roupas escuras nossas avós e bizas, não por que gostassem, mas era quase uma imposição do fabricante, pois misturando poucas cores obtinham mais lucro. ( acho que foi por isso que existia a cor de burro quando foge).




Somente depois dos anos setenta é que o mundo começou a ficar mais colorido, os hippies com aquelas roupas lindas bem leves que eram chamadas de Psicodélicas. O nosso planeta é colorido: o arco íris, as borboletas, as flores e tem coisa mais linda que o verde das nossas florestas e o azul esverdeado do mar ?


Mas quero deixar bem claro que eu não tenho nenhum preconceito, apenas penso que a vida é mais leve e gostoso se for colorida.

A minha gatinha chamada Belsyn (nome alemão) é negra e parece uma pantera que eu acho linda, me perdoem os gatos brancos e rajados eu também amo vocês.


A nossa sorte nessa vida é termos o poder de escolha e como eu já disse: Tudo é uma questão de gosto!


Abraços e até a próxima

sábado, 23 de outubro de 2010

Mais de 3000 acessos - Muito obrigada



Quero agradecer a todos que acompanham o meu blog. Já passamos de 3 mil acessos, graças a vocês.

Abraços a todos

Natalina

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tommy e Eu


Quando éramos crianças eu e meus quatro irmãos gostávamos muito de brincar, mas também tínhamos regras a cumprir.

Nossos pais eram muito rigorosos na nossa educação e nós aprendemos a respeitá-los. Certa vez eu ganhei um cachorrinho branco e amarelo de pelos longos, uma belezinha. Enquanto eu subia a rua que dava para nossa casa eu coloquei o nome de Tommy.

Chegando em casa pedi a mamãe para ficar com ele, mas ela foi taxativa: “Não precisamos de mais um cão, já temos o Bill” (um cachorro preto que apareceu por lá e acabou ficando, era um excelente caçador de ratos, o que garantia sua estada por lá).

Nós gostávamos dele, mas o Tommy era mais dócil e até poderíamos colocá-lo dentro de casa. Quando papai chegou do trabalho eu corri mostrar o cãozinho para ele e foi amor à primeira vista, pois o danadinho foi para os braços dele e ainda por cima deu um sorriso.

Por muitos anos ele ficou alegrando nossas vidas, quando adoeceu (um problema nos ossos) meu pai contratou uma enfermeira para cuidar dele. E deu certo, voltou a andar e viveu conosco por muito tempo e ficou conhecido como o cão que dava risada.

Nossa rotina logo de manhã era tratar das galinhas, recolherem os ovos e soltá-las para que pudessem desfrutar no enorme quintal que tinha em nossa casa. Regar as verduras da horta, varrer em volta da casa e arrancar o mato que crescia no jardim, que por sinal era maravilhoso já que mamãe gostava muito de flores e as suas preferidas eram as rosas que ela tinha de muitas espécies e cores diferentes.

Cuidar dos irmãos menores também não era uma tarefa fácil, principalmente os três meninos menores que eram uns capetinhas e quando aprontavam alguma travessura nós é que levávamos um puxão de orelha.

Mamãe era muito ligada à natureza, além do pomar, horta, ela cultivava feijão e milho com meus irmãos mais velhos. Na colheita de milho tinha uma festa em casa, vinha até a amiga da mamãe que era especialista em fazer pamonha, curau e outras delicias do milho verde.

Nós crianças ajudávamos na limpeza das espigas, tirando o cabelo que ficava grudado e abastecer o fogão de lenha enquanto a lata com 20 litros de água ia fervendo, posso até ouvir as fagulhas estalando no fogo com a lenha seca queimando.

Os adultos iam ralando o milho, não sei exatamente a quantidade de coisas gostosas que eram feitas, mas acredito que dava para um batalhão.

Bons tempos aquele!!!!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

As pessoas que fizeram parte da minha vida

Quando eu era criança na vila em que nasci e passei minha infância e adolescência as informações demoravam muito para chegar. Ou era pelo radio ou através do cinema, pois a TV veio bem depois.
Diante disso conheci meus ídolos vendo os filmes que eram exibidos na sede nova quer era um local para os eventos.



O Rodolfo Valentino foi paixão a primeira vista, além de ser um homem lindo, dançava tango como ninguém no mundo e era italiano.


Depois veio Gene Kelly, no filme Dançando na chuva... passei um bom tempo sonhando com ele.

Daí o "El Cordobés", um toureiro espanhol de Córdoba chamado Manuel Benitez Peres, que para minha alegria dia 15 de agosto completou 74 anos. Pintei um quadro com o seu retrato que por muito tempo esteve na parede da minha sala.
Nessa época nunca imaginei que mais tarde me casaria com um filho de Espanhol, os meus filhos teriam cidadania e que chegariam a conhecer a terra dos avós paternos.

Meu filho mais velho esteve na Espanha esse ano e foi calorosamente recebido pelos parentes que lá ainda vivem, lá pode conhecer a igreja em que o seu avô Antonio foi batizado e todas as gerações anteriores dele, falando em números, seria em torno de 500 anos.

Tudo o que eu falar do Elvis Presley é pouco diante do meu amor por ele que já dura mais de 50 anos. Os gêneros musicais já mudaram inúmeras vezes, mas o meu carinho por ele será eterno.

Charles Chaplin que historia de vida maravilhosa, leio todas as biografias e estou sempre revendo os seus filmes. Para mim é uma lição de vida.

Abraham Lincoln, um ser humano fantástico sua trajetória é muito interessante aprendo muito com ele sempre que tenho oportunidade indico sua biografia.

João Paulo ll, homem sábio, carismático e muito inteligente na sua simplicidade conquistou o mundo. Deixou um grande vazio, o mundo precisa de seres humanos como ele.

Adicionar imagemConhecido no mundo inteiro seus livros foram escritos em vários idiomas, o brasileiro que atravessou fronteiras, estou falando do nosso querido Jorge Amado que casal maravilhoso ele com a sua amada Zélia Gattai uma mulher muito corajosa e excelente escritora também.

Agradeço a Deus por ter me dado essa família maravilhosa e para finalizar o meu querido Pablo Neruda com suas poesias lindas que tornam os nossos dias suaves e nos faz acreditar que por tudo ainda valeu a pena.


O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria
.

Pablo Neruda

sábado, 16 de outubro de 2010

Da Light para o mundo

Clique na foto para ampliar
Queridos amigos!

Quero compartilhar com todos que me acompanham algumas informações que recebi através das estatísticas do blog.

Segundo eles, meus textos estão sendo lidos em outros países para minha grata surpresa e felicidade.

Do período de 16/09 a 15/10 deste ano tivemos acesso além do Brasil, Portugal, Itália, Paraguai, Alemanha, Colombia, França, Luxemburgo, Estados Unidos, Canadá e Angola.

A crônica mais lida é a Minha Primeira Comunhão.

Agradeço ao mundo todo por esta oportunidade de dividir minhas lembranças.
Abraços

Nata

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

UMA LINDA LIÇÃO DE VIDA!



Há muitos anos atrás, nascia em nosso Vale Encantado, fruto de muito amor, uma menina muito linda, muito amada por seu pais. E a felicidade aumentou ainda mais quando nasceu seu irmão. Sempre felizes, não perceberam que sua querida mamãe estava se afastando por motivo de saúde. O que era para ser apenas alguns meses, acabou se tornando anos de ausência para seus filhos, sendo, estes, criados apenas pelo pai, que, com certeza, teve muitos momentos de solidão, ainda que nunca deixasse isso transparecer.

Quando chegou a adolescência, com suas típicas mudanças para esses dois irmãos, a ausência da mãe foi muito sentida, mas a qual também acabou sendo suprida, sutil e heroicamente, por aquele que tornou-se pai e mãe ao mesmo tempo.Por isso mesmo já “moça feita” minha amiga jamais deixou de ser alegre, apesar das circunstâncias. Sempre recebia a todos com um grande sorriso, que era a sua marca registrada e com o seu jeito calmo e tranquilo de encarar a vida.

Ela nunca perdia nenhum evento de nossa vila - que, aliás, não eram poucos! Era uma pessoa muito charmosa e elegante. Pensando bem, uma mulata linda, de deixar as cariocas no chinelo e, sendo assim, atraía a atenção de muitos “admiradores de plantão”. Mas o “sortudo” foi um cara também especial, um sujeito muito legal, que eu admiro muito e a quem sou grata por ele ter feito minha amiga tão feliz (e bota felicidade nisso!). Eles formaram um casal perfeito: cúmplices, parceiros, eram como unha e carne, almas-gêmeas e outros milhões de adjetivos durante essa união que Deus preparou.

Além de um marido e um pai exemplar, o escolhido de minha amiga é uma pessoa maravilhosa, amigo de todos e sempre passou para sua esposa muita segurança, o que o torna um ser humano tão especial. E dessa realeza - do encontro divino da bondade dele com a beleza dela - nasceram dois príncipes e uma princesa cuja chegada foi uma grande alegria para todos.

Depois de algum tempo, minha amiga teve que “se ausentar” para ir ao encontro de seu primogênito, que nos deixara muito cedo. Como mãe, ela foi ao encontro de seu filho amado, pois só as mães tem a sabedoria herdada de Deus para fazer as suas escolhas.

Tenho certeza que para os três que ficaram, Deus tem um grande propósito para as suas vidas. Meus amados, a vontade que tenho é de encher mil páginas sobre vocês, mas não quero ser egoísta, então vou deixar aqui um espaço para os amigos fazerem suas homenagens e acrescentarem aqui, coisas sobre vocês que eu não disse...

Queridos Jaime, Nadir, Gilberto, Walmir e minha lindinha, Gilmara, esta é minha singela homenagem a toda família Santos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cadê o meu presente?



Todos os finais de ano eu ia com minha mãe comprar os nossos presentes de Natal, portanto não acreditava em papai Noel.

Não sei por que um ano ela quis fazer diferente e pediu para o meu irmão Moacyr que quando fosse meia noite ele trouxesse os nossos presentes que estavam na casa da Zélia, sua namorada.

Nessa noite nem fomos à missa do galo como era costume todos os anos, colocamos roupas e sapatos novos, degustamos a deliciosa ceia preparada pela minha mãe e a minha irmã Nair (que posso dizer foi a nossa segunda mãe sempre ajudando em tudo) e fomos esperar o papai Noel. Não demorou muito chega o mano de mãos vazias! Como era muito brincalhão, ninguém acreditou que ele se esqueceu de trazer os presentes.


Foi uma choradeira só e já era muito tarde então, papai achou melhor buscar no dia seguinte. Como era meu aniversário sempre tive a vantagem de ganhar dois presentes e mamãe fazia um bolo muito gostoso.



Minha filha quando era pequena foi questionada por sua tia sobre o que queria de presente, ela prontamente respondeu um rolo de fita adesiva e depois um pouco maior quis uma lagosta que por sinal vivia escapando do aquário para alegria dos gatos.

Quando meus irmãos terminaram o primeiro grau o professor deu de presente uma caixa com bichinhos da seda, não sei o significado disso, mas posso dizer que não tiveram vida longa, já que cada hora um de nós (anjinhos) abria a caixa para ver se já tinham comido as folhas de amora de que seriam alimentados. Sua passagem foi muito breve infelizmente.

Agora o que eu achei lindo foi a muda de pinheiro que meus filhos ganharam no dia da primeira comunhão. Das árvores é o único que sobrevive a qualquer tempo e resiste ao frio, calor, ventos e tempestades. Com certeza quis dizer que com deus não precisamos temer nada .

Para finalizar, o meu pai tinha um jeito especial de ser e gostava de presentear as pessoas. Quando mudei para minha casa nova ele foi a única pessoa que me deu um presente (uma faca amolada por ele mesmo, pois era o que fazia muito bem)e quando ganhava ,algo, um cinto ou um par de chinelos, pedia que em seguida desse o usado para alguém necessitado.



Certo dia ele não queria vestir uma camisa nova em casa e minha irmã contou que no guarda roupa tinha mais 18, foi quando para surpresa dela ele muito bravo disse que aquilo não tinha cabimento com tanta gente precisando. Esse desprendimento foi sempre assim, agora quer me dar presentes até em sonhos, outro dia minha irmã sonhou com ele e ele me mandou três. Estou aguardando!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Desejos de criança

Em uma tarde gostosa de sábado, papai nos convidou para um passeio até a casa do seu amigo Frederico, um alemão que era administrador da Fazenda São Francisco.

Todos de banho tomado, roupinhas de missa e lá fomos para mais uma aventura. Enquanto mamãe ia toda bonita ao lado do papai, nós atrás íamos fazendo a maior bagunça, apesar de o carro ser grande... eram muitas crianças juntas.
A marca do carro eu não sei dizer pela rapidez em que meu pai mudava o modelo, o que não esqueço que um era mais lindo do que outro e todos importados.


O caminho até a fazenda era muito bonito, depois que saía de Santa Helena onde fica a fábrica de cimento a estrada beirava um lago com árvores enormes e bem lá no alto se encontravam formando um túnel verde.

Conforme o carro percorria a estrada de terra, levantava-se uma poeira que ia ficando para trás como se fosse uma nuvem de fumaça. Chegando lá, seu Frederico e a sua esposa nos receberam com muito carinho.... Os adultos proseavam e nós fomos conhecendo o local e aproveitamos para brincar. O casarão era muito lindo, tinha uma varanda em toda a sua volta que lhe dava um ar bem aconchegante.


No final da tarde foi servido um café com uma porção de pães e doces deliciosos, inclusive paçoca de amendoim socada no pilão que eu não quis comer. Voltamos para casa quando já estava escurecendo um pouco cansados, mas felizes pelo passeio.



Passado algum tempo comecei a me sentir mal e com uma febre alta, de repente fui ficando jururu, triste e não queria saber de nada, perguntada pela minha mãe respondi que fiquei com vontade de comer paçoca. Tarde demais!


Tive um ataque de “bichas” (lombrigas) e quase morri. E por conta disso fiquei conhecida como a menina lombriguenta e toda vez que adoecia me perguntavam o que eu estava com vontade. Que eu me lembro uma vez foi abacaxi em caldas, outra uma boneca que fazia xixi e outras coisas absurdas.



Engraçado que depois de passado tanto tempo eu continuo com meus desejos, hoje, por exemplo, estou pensando em comer rapadura de cidra, só que não tenho a mínima idéia de onde encontrar.


Ainda bem que não existem mais lombrigas. Ou será que existe?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Na sala da minha casa...


Todo final de ano lá em casa era "quase" obrigatório adquirir o calendário do sagrado coração de Jesus. Era uma foto estampada em uma cartolina no formato de 30 x 20 com um bloco de folhinhas fixado na parte de baixo com os 365 dias do ano e mamãe pendurava na parede da sala (que logo mais quero falar dela) onde só ela podia destacar as folhas.

Nas manhãs a sua rotina era acender o fogão a lenha e enquanto não fervia a água para coar o café, começava a ler em voz alta a página do bloquinho. Primeiro a data, o santo do dia e um pequeno resumo da vida do mártir, depois as fases da lua algumas curiosidades tipo Você sabia? E por último O que é o que é?

Nos meus pensamentos de criança às vezes cheguei a imaginar que se destacassem mais folhas poderia adiantar os dias (eu tinha7 anos) e mesmo assim o tempo passou tão rápido que nem percebemos.

A nossa sala de visitas era sui generes e bem espaçosa. No centro ficava a mesa de madeira com quatro cadeiras em cima uma toalha egípcia grossa que parecia uma tapeçaria, comprada do mascate turco que era uma loja ambulante.

Encostada na parede a mesa menor (que eu tenho ate hoje) era usada para passar roupas, o cobertor tinha vários sinais do ferro porque alguém sempre esquecia aquele objeto estranho ligado, o cabo era avulso e conforme ia passando soltava um foguinho e depois um fogaréu, pois o cabo era revestido de barbante.

Ao lado esquerdo nossa linda vitrola que também era rádio de válvulas, nós adorávamos ouvir musica e nos intervalos girar o disco ao contrário para curtir um som diferente (como os DJs de hoje). Perdi a conta de quantos discos foram quebrados e nunca apareceu o destruidor dos 78 rotações.

No canto perto da janela ficava um armário grande que chamávamos de Buffet na verdade não servia para nada. Lá eram guardados uns presentes que dávamos nos dias das mães, uns copos que raramente eram usados, bules e tigelas cheios de poeira com um monte de papéis velhos dentro.



Agora vamos à decoração: em primeiro plano uma foto do Presidente Getulio Vargas já que meu pai gostava muito dele pelas coisas boas que ele fez pelos trabalhadores (salário mínimo e etc.). Quando ele morreu foi um choque para a família Castro, nós o tínhamos como um membro da família e já estávamos acostumados com o retrato do homem (digo do presidente) olhando pra nós diariamente.

Em frente do lado direito o quadro oval do Rei dos Reis JESUS CRISTO e sua mãe com as mãos no coração sempre nos socorrendo nos momentos difíceis.




E para finalizar, a foto do Roy Rogers montado em seu cavalo branco que eu mesma colei. Grudou tanto que eu acho esta lá até hoje mesmo depois de passados mais de 50 anos. Enfim a decoração foi feita a dedo para nenhum decorador botar defeito.

Acredito que poucas pessoas conseguiram reunir tantas "celebridades" diferentes em um lugar tão eclético... rsrsr.

Abraços a todos e até a próxima

DEDICO ESTA CRÔNICA A MARIA (EXCELENTE CONTADORA DE HISTÓRIAS), A PEDRINA, A HYASMIM E HENRIQUE QUE TEM ACOMPANHADO O BLOG LÁ DE SANTOS-SP

Já começou a Minissérie NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS

ACOMPANHE OS 4 PRIMEIROS CAPÍTULOS ACESSANDO http://filhosdalight.2.zip.net/ e deixe seus comentários, pois é importante para nós.

Aproveite e conheça a nossa luta pela preservação da Vila de Itupararanga que completará 100 anos.








terça-feira, 5 de outubro de 2010

Cordão Umbilical - Nosso elo de ligação


O nosso cordão umbilical é o elo entre nós e nossas mães quando estamos sendo gerados e é através dele que recebemos toda a alimentação e energia vital para chegarmos ao mundo em grande estilo.
Algum tempo atrás um espiritualista estava dizendo na TV que o cordão umbilical é nosso elo com o mundo, que quando partimos daqui é porque ele foi “desligado”.
Hoje em dia o cordão umbilical é utilizado para salvar vidas, pois ele também é uma fonte das células tronco.
Pensando nisso tudo, me lembrei de um hábito dos antigos que era o de enterrar nossos cordões umbilicais, só lá na vila foi cinco dos recém nascidos de casa, fora o restante que nasceram nesses quase 100 anos.
Era uma espécie de ritual: mamãe escolhia as roseiras mais lindas que cultivava e lá enterrava os cordões. Não sei se ela sabia, mas este hábito é como uma simpatia (que vem do grego sentir juntos) onde os nossos antepassados acreditavam que os filhos seriam mais achegados aos seus familiares.
De certa forma funcionou! Lembro-me quando tivemos que sair da vila e começar nova vida na cidade, não foi fácil e tudo era motivo para querer retornar para nossa casa laitense.
A sensação é que a nossa mãe estaria lá de braços abertos para nos receber. Agora não é diferente, seria como se houvesse um cordão umbilical invisível ou até mesmo estes que estão lá enterrados fizessem este elo tão forte causando em nós uma vontade imensa de voltar.

Enquanto tudo isso não acontece são as águas das nossas cachoeiras que vão levando para os rios e o mar o nosso pedido de socorro e o desejo de estar perto da nossa mãe natureza, pois ali passamos os melhores momentos de nossas vidas.

Graças ao nosso blog este elo está sendo restaurado, mesmo quem não consegue ver o cordão umbilical ele não vai só até onde a nossa vista alcança, ele vai até o infinito dos nossos sonhos.

domingo, 3 de outubro de 2010

AMANHÃ, ESTRÉIA: NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS!



Pessoal, amanhã começa minha minissérie Nunca desista de seus sonhos.

Para acompanharem acessem http://filhosdalight.2.zip.net/


Será postado aqui no blog também, mas em primeira mão sempre será lá.

Conto com vocês.

Abraços

Natalina





sábado, 2 de outubro de 2010

Coleções , coleções e mais coleções



Recentemente li em uma revista o caso de uma senhora americana que não dava sossego para o seu médico e por conta disso já havia passado por mais de 10 cirurgias sem precisar.

O doutor cansado de suas queixas sugeriu que a mesma começasse a fazer uma coleção que isso iria lhe fazer muito bem. Passado algum tempo ela começou a se interessar por botões. Isso mesmo botões de roupas!!

A novidade foi se espalhando e quando ela percebeu já estava com uma enorme quantidade de peças e muito conhecida na vizinhança.

Certo dia ficou sabendo que o presidente viria até sua cidade para uma visita, não pensou duas vezes colocou uma tesoura na bolsa e lá foi para o evento.

Não sei como, mas chegou bem próxima a ele e pediu um botão do seu paletó que ele gentilmente lhe deu... Foi só o tempo de tirar a tesoura da bolsa e cortar. Acredito que seja a peça mais rara da sua coleção e se não for com certeza sempre será uma das mais difíceis de conseguir. Agora quanto ao médico, espero que ela tenha dado uma folga para ele.

Minha mãe adorava roseiras, seu jardim era maravilhoso e em todos os lugares que ela ia sempre arrumava uma nova muda de rosas diferente. Também conheço muitas pessoas que gostam de orquídeas, outras de carros, motos, bicicletas e assim por diante.

Em casa não é diferente, meu marido gosta de chaveiros, meu filho mais velho coleciona souvernis e de todos os países que conheceu sempre trouxe algo novo.

Já minha filha gosta de filmes nacionais, bolachas de chopp e chicletes; e o meu caçula de HQS e copos com rótulos de bebidas famosas.


Eu gosto de discos do Elvis, às vezes fico com três exemplares do mesmo. O Elvis colecionava ursos de pelúcia que ganhava das suas fãs e carros que eram a sua paixão.

Aqui na minha cidade tem um padre que tem muitas sopeiras de porcelanas, mas a mais inusitada é a de santinho de missa de sétimo dia, imagino como deve ser complicado, pois se perder as missas quebra a coleção e tem mais, quando ele gostava muito do falecido mandava enquadrar a foto e colocava na sua cabeceira. E você já começou a sua coleção?