quarta-feira, 2 de março de 2011

Nos bons tempos do carnaval


Fui criada num regime muito rígido onde quase tudo era pecado, pois meus pais eram religiosos. Para mim que tinha um espírito livre era difícil aceitar.


Morando naquele lugar maravilhoso com piscina natural, nunca aprendi nadar, porém, numa tarde a vontade falou mais “alto”.


Sabe aqueles dias ensolarados de verão?


Então, eu estava apreciando as pessoas que se deliciavam nas águas cristalinas da nossa cachoeira quando chegou a minha vizinha com as três filhas que por sinal eram minhas amigas.



Elas entraram na água e começaram nadar, pensei que não tinha mal nenhum em fazer aquilo, em seguida pulei na água de roupa, fui até o fundo e por um milagre voltei à superfície, difícil descrever o que senti quando meu corpo entrou em contato com aquela água límpida e morna, poderia ter morrido afogada, mas acreditem foi o melhor momento que tive em minha vida.


Brincar no carnaval também não podia (Carnaval era coisa do capeta) e para o meu desespero na nossa vila havia bailes carnavalescos nos quatro dias.



Sábado à noite começavam passar em frente a nossa casa as pessoas com suas fantasias, sacolinhas de confetes e serpentinas, todas alegres entoando as marchinhas da época que eram tão lindas.


Nem preciso dizer que eu implorei para minha mãe me deixar ir, mas foi tempo perdido. Além de um não bem grande corria o risco de receber um castigo pelo atrevimento.


Confesso que naquela noite não consegui dormir tentando entender que mal podia ter ao se divertir com as minhas amiguinhas.


Na manhã seguinte não levantei cedo como de costume para ir à missa, esperei todos saírem e me aprontei para sair, passei na casa da minha amiga e fomos até o clube, como era muito cedo não havia ninguém na rua.


Para minha alegria na área da sede o chão estava repleto de confetes e serpentinas, comecei a deslizar no chão na tentativa de juntar tudo àquilo com as mãos e fui fazendo os montes para colocar numa lata que encontrei nas imediações.



Chegando em casa decorei a garagem do meu pai, liguei o radio no volume bem alto e comecei pular com a minha amiga, não demorou muito começou a parecer um monte de crianças,virou uma festa com direito a limonada e tudo mais.


Eu pulei tanto que fez um calo no meu pé, mas nem me importei, pois estava muito feliz.


Os anos se passaram e eu já estava com 18 anos, fiz uma fantasia de havaiana estilizada pelo meu irmão Vande que é um artista (até os dias de hoje faz trabalhos espetaculares em madeira e outras matérias primas) e fui ao mesmo clube da minha infância.



Dessa vez danceiiiii a noite inteira com meus amigos todos adultos como eu e foi um momento inesquecível.


Dedico esta crônica para os meus oito irmãos e todos os amigos que fizeram parte dessas doces lembranças.

4 comentários:

  1. Adorei este espaço... Quantas lembranças boas! Me identifiquei bastante por cá, pois tenho um espaço como esse também. O Caríssimas Catrevagens. Um abraço

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  2. Olá querida Irmã Laitense, eu Ana Elci, estou aqui visitando seu blog, você realmente é muito especial, parabéns, olhando suas postagens anteriores eu vi que você postol a mensagem que te enviei a algum tempo atrás, nunca imaginei que poderia estar aqui, foi uma grande surpresa, grande abraço.

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  3. Olá, Marcos!
    Seja muito bem vindo. Já dei uma passadinha no seu blog e vi que temos muita coisa em comum, principalmente relacionada a lps de vinil...rsrsrs...também adoro.
    abraços
    Nata

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  4. Aninha,
    Muito obrigada por sua presença aqui, apareça mais vezes.
    beijos
    Nata

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