segunda-feira, 18 de abril de 2011

Um presente de Deus



Logo após o meu casamento eu e minhas duas irmãs montamos um ateliê de costura no centro da nossa cidade. Me lembro que no final de ano costuramos mais de noventa calças masculinas e os negócios iam de vento em polpa.


Quando minha irmã caçula engravidou da sua primeira filha, então ficamos só as duas e passado algum tempo eu engravidei e o ateliê ficou com minha irmã mais velha.


O tempo foi passando e eu tive três filhos, logo que eles cresceram eu voltei a trabalhar, mas agora era com pintura a porcelana. Quando minha filha terminou o colegial em técnica de processamento de dados não arrumava emprego , então resolvemos montar um "garajão" como fazem nos Estados Unidos. A adesão dos parentes foi maciça, minha mãe doou um monte de presentes que havia ganho em suas bodas de ouro, e por sinal nunca tinha usado as xícaras, travessas, cristais e assim por diante. Alguns parentes disponiblizaram calçados, roupas e objetos que não utilizavam mais.




Como eu tinha mudado para uma casa nova sobraram da casa velha tapetes, móveis, máquina de costura, secadora, torneiras , lustres e afins. Começamos na garagem de casa, mas o sucesso foi tão grande que logo alugamos um salão no centro da cidade. Há 15 anos atrás, numa cidade de oitenta mil habitantes nós fomos o primeiro Brechó local.


Em três meses mudamos duas vezes e sempre para um lugar maior. Não demorou muito e tinhamos vários setores: computadores, livros, discos, utensílios, roupas e sapatos.




Não sei precisar quantos computadores nós vendemos, mas sei que foram muitos e era muito gratificante quando eu e minha filha íamos na casa das pessoas fazer a entrega. Muitas vezes as pessoas estavam nos esperando na frente da casa e quando entravamos tinha uma mesa de café com muitas delicias para degustarmos.


Enquanto minha filha Mare instalava o computador, eu ia conversando com os donos da casa e comendo coisas gostosas que serviam. Comi muito peixe frito, doce de abóbora e pão caseiro.


Com o passar do tempo mudamos para a cidade mais próxima (Sorocaba-SP), esta já tinha mais de quinhentos mil habitantes e achamos melhor optar vender discos, livros, cds, revistas, hqs e acabou se transformando em um sebo.


Hoje, nosso Sebo é muito conhecido, vendemos para o Brasil todo e outros países. Minha filha está atuando no ramo de gastronomia e que administra a loja agora é meu caçula Glauco.


Posso dizer que foi a melhor coisa que aconteceu nas nossas vidas e que realmente é um presente de Deus, pois não investimos para que ele surgisse, acreditamos que nosso pai eterno lapidou o que tinhamos e nos conduziu a essa atividade deliciosa que fazemos hoje:  Manter a chama do passado vivo e enriquecendo a cultura das pessoas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário