Todas as manhãs eu gostava de fazer um tour na casa dos vizinhos. Começava pela Dona Nair Carvalho, suas filhas Lurdinha, Lucy e Ledy eram minhas amigas, mas isso não dava o direito de buscar gelo em sua casa todos os dias inclusive feriados e dia santo.
Na casa da Dona Donaria ia bater um papo com meu amigo Edson que era apaixonado por mim; na Dona Josefa quer era uma espanhola muito prendada às vezes nós íamos a sua casa aprender tricô e crochê que por sinal fazia muito bem. “Ela ficava sentada perto do rádio ouvindo suas novelas, ainda me lembro o nome era a Deusa dos cabelos de sol” - patrocínio da Gessy Lever e a grande novidade era o xampu Halo que deixa seus cabelos mais lindos e sedosos. Sempre nos tratava com muita atenção e isso nos deixava um pouco mais a vontade (xeretice mudou de nome),confesso que algumas vezes entrava em seu quarto para ver a sua penteadeira parecia um sonho: perfumes importados, creme ponds, baton da coty e os sapatos de salto. Cheguei até experimentar alguns, mas não serviram.
Nossa vizinha mais próxima era a Dona Luisa, mãe da Denise (aquela que eu derrubei da escada) e comadre da minha mãe. Ela foi o nosso anjo da guarda, toda vez que a gente se machucava era ela quem nos socorria. Lembro até hoje as técnicas dela: esquentar agulha no fogo para tirar espinhos do pé, pó de café ou teia de aranha para estancar o sangue dos ferimentos, óleo esquentado na colher para dor de ouvidos (às vezes passava do ponto e quase fritava o tímpano).
Mas embaixo ficava a casa da Laura do Nelsão. Ela além de uma grande amiga era uma santa. Nós compramos uma vitrola e enjoadas de ouvir o mesmo compacto do Roberto Carlos, pedimos a ela emprestado os discos do Billy Vaughn que eram da coleção do seu marido, ainda bem que de tanto tocar o aparelho não agüentou queimou o motor, e os discos voltaram para onde nunca deviam ter saído. A próxima casa virou escola da nossa querida D Didi eu não fui aluna dela, pois estava terminando quarta serie foi ela que organizou a nossa formatura que alias foi inesquecível. Já se passaram mais de 50 anos.
Na Dona Elce eu ia comprar ovos. Não sei qual a razão se nós também tinhamos galinha, ou estavam todas chocas ou era greve mesmo. Era legal que ela colocava a lápis as datas nos ovos, então ficava assim 5 7 17 18 21 e 25 olha que número lindo para jogar na mega sena.
Dona Benedita do seu Argemiro toda bonitinha com o cabelo com permanente preso do lado com um grampo, escolhendo arroz sobre uma toalha bem branquinha como fazia todos os dias; Dona Raquel (que nome lindo) ela e sua família eram pessoas muito queridas.Dona Anunciata veio de Petrolina-PE para tentar uma vida nova com sua mãe avó Joaquina e seus irmãos, os Carvalhos uma pessoa de fino trato.As vezes até deixava eu mexer os doces que fazia tao bem na panela de ferro, a sua filhas Olga (que era minha melhor amiga) e a Odila foi a primeira a ter um par de sandálias havaianas.O caçulinha Claudinei falava a língua do T: calça era taita, sutiã era tutia e saiote era taiote . Uma gracinha!
Na casa das meninas Doca e Dirce era parada obrigatória. Elas nos emprestava as fotos novelas: capricho e sétimo céu,o que eu mais gostava era o correio sentimental so não entendia porque tantos caras do canal de Suez. Será que lá não tinha mulheres?
Nem preciso dizer como eu queria bem todas essas pessoas..
A Dona Izolina e sua irmã Dona Biga são duas quituteiras de mãos cheias, elas fizeram do casamento do Mazinho com a Cantídia um evento maravilhoso, nunca vi tanta fartura.Vou ficando por aqui, pois as minhas pernas começaram a doer são de pensar nessa andança toda...
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