domingo, 22 de maio de 2011

Um passeio pelo balanço

Relembrando algumas histórias fico imaginando como as minhas perninhas tão frágeis agüentavam andar por aquele vale todo acidentado.


Todas as manhãs eu gostava de fazer um tour na casa dos vizinhos. Começava pela Dona Nair Carvalho, suas filhas Lurdinha, Lucy e Ledy eram minhas amigas, mas isso não dava o direito de buscar gelo em sua casa todos os dias inclusive feriados e dia santo.
Na casa da Dona Donaria ia bater um papo com meu amigo Edson que era apaixonado por mim; na Dona Josefa quer era uma espanhola muito prendada às vezes nós íamos a sua casa aprender tricô e crochê que por sinal fazia muito bem. “Ela ficava sentada perto do rádio ouvindo suas novelas, ainda me lembro o nome era a Deusa dos cabelos de sol” - patrocínio da Gessy Lever e a grande novidade era o xampu Halo que deixa seus cabelos mais lindos e sedosos.   

Sempre nos tratava com muita atenção e isso nos deixava um pouco mais a vontade (xeretice mudou de nome),confesso que algumas vezes entrava em seu quarto para ver a sua penteadeira parecia um sonho: perfumes importados, creme ponds, baton da coty  e os sapatos de salto. Cheguei até experimentar alguns, mas não serviram.
Nossa vizinha mais próxima era a Dona Luisa, mãe da Denise (aquela que eu derrubei da escada) e comadre da minha mãe. Ela foi o nosso anjo da guarda, toda vez que a gente se machucava era ela quem nos socorria. 

Lembro até hoje as técnicas dela: esquentar agulha no fogo para tirar espinhos do pé, pó de café ou teia de aranha para estancar o sangue dos ferimentos, óleo esquentado na colher para dor de ouvidos (às vezes passava do ponto e quase fritava o tímpano).


Mas embaixo ficava a casa  da Laura do Nelsão.  Ela além de uma grande amiga era uma santa. Nós compramos uma vitrola e enjoadas de ouvir o mesmo compacto do Roberto Carlos, pedimos a ela emprestado os discos do Billy Vaughn que eram da coleção do seu marido, ainda bem que de tanto tocar o aparelho não agüentou queimou o motor, e os discos voltaram para onde nunca deviam ter saído. A próxima casa virou escola da nossa querida D Didi eu não fui aluna dela, pois estava terminando quarta serie foi ela que organizou a nossa formatura que alias foi inesquecível. Já se passaram mais de 50 anos.


Na Dona Elce eu ia comprar ovos. Não sei qual a razão se nós também tinhamos galinha, ou estavam todas chocas ou era greve mesmo. Era legal que ela colocava a lápis as datas nos ovos, então ficava assim 5 7  17 18 21 e 25  olha que número lindo para jogar na mega sena.
Dona Benedita do seu Argemiro toda bonitinha com o cabelo com permanente preso do lado com um grampo, escolhendo arroz sobre uma toalha bem branquinha como fazia todos os dias; Dona Raquel (que nome lindo) ela e sua família eram pessoas muito queridas.

Dona Anunciata veio de Petrolina-PE para tentar uma vida nova com sua mãe avó Joaquina e seus irmãos, os Carvalhos  uma pessoa de fino trato.As vezes até deixava eu mexer os doces que fazia tao bem na panela de ferro, a sua filhas Olga (que era minha melhor amiga) e a Odila foi a primeira a ter um par de sandálias havaianas.O caçulinha Claudinei falava a língua do T: calça era taita, sutiã era tutia e saiote era taiote . Uma gracinha!

Na casa das meninas Doca e Dirce era parada obrigatória.  Elas  nos emprestava as fotos novelas: capricho e sétimo céu,o que eu mais gostava  era o correio sentimental so não entendia  porque tantos caras do canal de Suez. Será que lá não tinha mulheres?

Nem preciso dizer como eu queria bem todas essas pessoas..
A Dona Izolina e sua irmã Dona  Biga  são duas quituteiras de mãos cheias, elas  fizeram do casamento do Mazinho com a Cantídia um evento maravilhoso, nunca vi  tanta fartura.

Vou ficando por aqui, pois as minhas pernas começaram a doer são de pensar nessa andança toda...


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