terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Crianças. Sarampo e Livros






Quando minha irmã casou ela foi morar na casa dos sogros. Logo na entrada da residência ficava o porão onde, para a minha alegria, tinha uma pequena biblioteca. O meu sobrinho, Paulo, contraiu sarampo e minha mãe me mandou para lá ajudar a cuidar dele. Aliás, era muito comum da parte dela esta postura, pois se uma comadre adoecia ou uma amiga que tinha acabado de dar à luz, cabia as filhas ajudarem em seu nome.Até promessas para santos nós cumpriam.Neste caso, minha função era tomar conta do bebê com sarampo.E quando ele dormia, eu podia descer até a biblioteca do porão.Foi lá que eu tive o primeiro contato com os livros infantis como por exemplo: O Gato de Botas, Chapéuzinho Vermelho, João e Maria,Fábulas de Esopo,Cintos dos Irmão Grimm e outros que me deixavam encantada. Confesso que com o passar dos dias já não estava com muita paciência com o bebê.O danadinho acostumou no meu colo e não sobrava tempo para eu ler.Enquanto estava cuidando de meu sobrinho,  a sogra da minha irmã decidiu que iria fazer uma calça comprida para mim pois, meu vestidinho, era muito chinfrin. E enquanto ia cuidando do bebê e lendo meus livrinhos, a calça ficou pronta e para estreá-la a sogra de minha irmã me levou ao cinema assistir ao filme Marcelino Pão e Vinho.Chegando lá, a fila dobrava o quarteirão, nunca vi tanta gente na minha vida.Não entendi muito bem o filme pois estava começando a ler e as legendas mudavam muito rápido. Até hoje não sei do que o menino morreu, mas lembro-me que todo mundo saiu chorando do cinema.Depois de algum tempo, com o Paulinho estava melhorando, já não precisavam mais mim e eu voltei para a Vila ditando moda com a roupa nova e um monte de livros embaixo do braço mim e para irmãos também.Passados alguns dias, comecei a ter uma febre alta para me meu corpo ficou cheio de manchas vermelhas... Adivinha?!  Sim!  O sarampo veio junto com a calça nova e os livros. Para arrebentar o sarampo, a febre tinha que ir até quase os 40 graus e então nos faziam beber chá de sabugueiro (confesso que não foi fácil e quase morri). Não sei se era delírio causado pela febre ou pelo chá, mas me lembro muito bem de pular na cama, parecendo voar e de correr pelo quarto atrás de um mosquito invisível.Mas, como tudo tem o seu lado bom, fiquei um tempão sem ir à escola. Não que não gostasse sabe, é que sempre fui a favor do ensino à distância.

 Postado Originalmente no blog Filhos da Light.
 http://filhosdalight.zip.net

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