Ganhei
de presente da minha filha Mariana um livro chamado Votorantim:
História e Iconografia de uma cidade do autor João dos Santos Júnior. São muito
interessantes os dados históricos e as fotos impressas.Porém o que me
chamou atenção foi uma foto do jogador de futebol Ângelo Dal Bom, o
“Votorantim”.Ele nasceu em 1905 na usina de Itupararanga que na época se chamava Vila de Votorantim.Começou
a jogar quando foi morar na capital, no bairro do Belenzinho, num time
de nome Flor de Belém que disputava um torneio de times de bairros. Foi
lá que um dia, para completar o time, alguém sugeriu: Coloca o cara de
Votorantim. Ele entrou no time.Foi campeão em 1924 e ganhou o apelido
que ficaria conhecido durante toda a sua vida. Votorantim estreou no
Savóia em 1924, como zagueiro central,jogando junto com Paulo Pereira
Inácio, um centro-avante, filho do comendador Pereira Inácio que era
proprietário da indústria Votorantim. Ficou no Savóia até 1944, quando
foi contratado pelo São Bento da capital, time onde ganhou muito
dinheiro.Por ocasião de seu casamento, o clube arcou com toda a despesa
e ainda deu de presente o valor de três contos de réis, uma fortuna na
época. Considerado um dos melhores zagueiros da época, ao lado de
Domingos da Guia, Votorantim foi convocado para integrar a seleção
paulista de 1932, substituindo o famoso Jaú.Jogou ainda no Fluminense
do Rio de Janeiro, onde foi vice-campeão em 1934. Contou que recebia um
conto de réis por mês, livre das despesas, motivando-o a comprar oito
ternos de casemira Aurora por dois contos de réis.Sempre dizia que o
futebol de seu tempo era feito de muita garra e aventura e os craques
jogavam com o coração nas chuteiras e eram verdadeiros artistas da
bola. Votorantim encerrou sua brilhante carreira jogando pelo São Bento
de Sorocaba. Que
orgulho para nós laitenses e aproveitando este espírito esportivo que
vou falar um pouco sobre as modalidades praticadas em nossa vila, que
não eram poucas. Começando
pelo futebol, jogo de bocha e malhas que era tão bem cuidado pelo
Senhor Alcides que, aliás, também praticava ciclismo e fazia locação de
bicicletas.Natação
eram poucos os que não praticavam, tinha os atletas dos saltos
ornamentais e o pessoal do mergulho, basicamente as crianças cresciam na
água.Montanhismo
nós já praticavamos escalando os paredões de pedras dos nossos
quintais. Certa vez, eu peguei numa pedra solta e levei uma queda que me
custou um enorme corte no joelho, mas assim que sarei estava lá de
novo. O lugar mais alto ficava no quintal do Sr. Argermiro que era muito legal. Corda não tínhamos, mas era improvisada com cipó que nós pegávamos na mata e era toda emendada, mas nunca deixamos de pular.Peteca
também era feita por nós com palha de milho seca, areia e penas de
galinhas. Quando estive no Espírito Santo os garçons do Hotel jogavam
peteca no intervalo da tarde, fazia muito tempo que eu não via esse tipo
de esporte. A
Isa, minha irmã, era campeã de pular pauzinhos, 2 metros já estava
pouco, parecia que voava igual as atletas do salto a distância hoje em
dia. Bolinhas
de gude eu adorava apesar de ser mais voltado para os meninos. Na Light
eu jogava numa boa até porque éramos todos amigos. A subida até o balanço pelo inclinado do trole era fichinha, mas até o alto do morro tinha que estar em boa forma. Pontaria
os meninos treinavam com sementes de mamonas, pena que o alvo era
sempre nós as meninas (chegava até ficar vermelha e como doía). Queimada, jogos de dama, dominó e saquinhos de areia eram os nossos preferidos. Baralhos eram só para os mais velhos. O
escotismo masculino e feminino, com os chefes Clecyr ,Waldemar e outros
foi de grande importância para nosso desenvolvimento e pessoas como o
Zé Dudu que foi um grande incentivador para a molecada principalmente no
futebol. Braço de ferro era praticado pelos mais fortões que precisavam ter “muque”. Nas festas, corridas de saco e ovo na colher, pelo que eu sei o Flavio Soares é campeão junto com a Maria Clara neta da Isa. Faltou dizer de rodar arquinho e pneus que era meio difícil de tão acidentado que eram nossas vias. Mas
idéias não nos faltavam: pescaria, rapel e para quem gostava de
aventuras perigosas descer pelos trilhos do trole sentados em cima de um
monte de capim. O que realmente importava era praticar esportes, não importa qual fosse!
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