Quando eu era pequena inventamos de fazer uma festa junina junto com a turma da rua. Encontramos
vários tocos de madeira para a fogueira, minha mãe preparou o quentão e
as pipocas, como não tínhamos grandes degustações colocávamos na
fogueira milho verde e batata doce para assar, a gente mais queimava as
mãos do que comia, pois estava virando um tição.
A festa ficou só ficou legal quando meu pai chegou lá pelas nove horas da noite com seu Chevrolet preto e viu a bagunça. Pensamos que ele ia nos repreender, mais não. Chamou o Wandão e deu dinheiro para comprarmos uns fogos na casa do seu Gonçalino. Ai sim ficou legal, bomba, rojão, buscapé pra todo lado e pra variar eu tenho medo até hoje, mas festa sem rojão não tem graça.
Dona
Maria Monteiro era a maior festeira da Light, todo ano já era tradição
ir à festa dela, lá a gente degustava canjica, doces de abóbora, batata,
arroz doce, pipocas, quentão, vinho quente, pinhão e outras guloseimas.
As preparações começavam um mês antes pois era muita coisa gostosa.
Imaginem
que tinha até convidados vips. Era comum ver chegar os engenheiros com
as esposas e os filhos e mais algumas autoridades (que agora não sei
dizer o nome) mas que era chique, isso era!
Quando
eu estava com meus vinte anos e trabalhava na venda chegou o José
Avelino com uma lista na mão pegando os nomes para dançar quadrilha. Como o Dan tinha chegado junto com ele, não pensei duas vezes e pedi para que ele fosse meu par.
Nas
semanas seguintes fizemos muitos ensaios e conversamos muito, pois ele
era um amigo muito querido que sabia ouvir as pessoas com carinho, não
me refiro a ele (in memorian), porque acredito que estrelas não morrem,
só mudam de lugar, esta frase também serve para todos os amigos que se
foram. Mas
voltando a festa, foi montado um tablado no campo perto da trave, de
tantas pessoas que aderiram ao evento não coube na sede nova. Meu
vestido fui eu que fiz, mas de caipira não tinha nada, estava mais para
portuguesa, pois o tecido era de algodão fundo branco com bolinhas
verdes, cavado e eu usei uma blusa branca de manga comprida por baixo;
duas tranças no cabelo amarradas com fita verde, chapéu enfeitado e uma
bota cano baixo que eu tinha comprado no bazar da pechincha (couro
legítimo). O
Dan estava engraçado com chapéu todo desfiado nas pontas, roupas
remendadas, paletó xadrez com uma palha no bolso e costeletas e bigodes
feitos de rolha queimada. Demos grandes risadas juntos, que saudade de tudo! Se pudesse votar o tempo gostaria que fosse exatamente igual.
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