"Delivery" é uma palavra muito usada nos tempos atuais, mas garanto que de moderna não tem nada. Há muitos anos atrás, meus pais já contavam com esse serviço. Naquela época não existiam shoppings e os armazéns e empórios reinavam. Lá você encontrava desde alfinetes, penicos, tamancos, alpargatas roda e outras coisas inimagináveis.
Em casa tínhamos dois fornecedores fixos: SBEL, uma cooperativa paulistana da Light e o armazém da Paca, um box que ficava no Mercado Municipal de Sorocaba. Para nós, crianças, era uma festa quando os funcionários da Light descarregavam aqueles caixotes de madeira retangular cheios de guloseimas: vidros de "Toddy", caixas de aveia "Quaker", bombons "Sonho de Valsa" e bolachas "Piraquê" (que vinham numa embalagem de lata que depois usávamos como lancheirinha na escola).
As latas de óleo de algodão "Salada", os litros de vinagre "Castelo", os pacotes de farinha de trigo "Santista", o fermento "Royal", as latas de margarina "Saúde", de manteiga em lata "Aviação", de leite condensado "Moça", de goiabada "Cica" 4 em 1 (essa não podia faltar). Do armazém da Paca vinha o saco de arroz de primeira, de feijão roxinho, açúcar cristal, sacos, que depois eram aproveitados para Mamãe fazer nossas roupas.
Também vinham da Paca réstias de cebola e de alho, que eram socados no pilão, para fazer o tempero com o sal "Cisne". E ainda: pacotes de café "São Paulo", de chá mate "Leão", as latas de sardinhas "Coqueiro" e peças de bacalhau que ficavam pendurados em um gancho na parede da cozinha por um tempo, aguardando serem consumidos... As bolachas "Maria", que eram vendidas por quilo, em sacos de papel.
Ovos não precisávamos porque tínhamos galinhas poedeiras. De material de higiene vinham: creme dental e sabonetes "Gessy", brilhantina "Glostora" para os cabelos, creme de barbear e água-velva "Bozzano" e não podemos nos esquecer do xampu "Halo" que, segundo a propaganda, deixava os cabelos "lindos como os das estrelas de cinema!". Para a limpeza da casa tínhamos o sabão em pó "Omo", sabão em pedra "Minerva", palha de aço "Bombril" e sapólio "Radium" que deixavam as panelas piscando, de tanto brilho.
No assoalho de madeira usávamos a cera "Parquertina" vermelha que, depois de seca, era polida na base do escovão. Não posso esquecer das 300 gramas de fumo de corda, pois meu pai gostava de fumar cigarros de palha depois de ter abandonado os cigarros "Continental" sem filtro. E finalizando a lista: fósforos "Pinheiro", graxa para sapato "Nugget" e um par de tamancos de madeira.
Pensando bem, estou com peninha do meu pai ter de pagar essa despesa sozinho para onze pessoas. Dá até medo só de pensar em fazer as contas!
Detalhe: mamãe foi fiel a todas essas marcas durante toda a sua vida... Não posso encerrar sem lembrar do do meu irmão, Toninho, que entregava pão e leite todas as manhãs nas casas da Vila.
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