terça-feira, 22 de agosto de 2017

AMÍGDALAS OU AMIDAS ?

AMÍDALAS OU "AMIDAS" ?
 

 Na semana passada, em visita ao meu médico, ele foi taxativo. Disse-me ali, "na lata", que tão cedo não vou ficar curada da artrose que tenho no joelho, recomendando-me muito repouso. Como sou obediente, acatei a ordem do doutor e aproveito para ficar escrevendo; o que, aliás, é uma delícia porque fico viajando neste "Túnel do Tempo", que me proporciona muita felicidade.
Pensando bem, os médicos poderiam ser mais piedosos com os seus pacientes, pois como diz um ditado antigo: “Uma boa palavra cura até falta de dinheiro”. Talvez seja por isso que os videntes estão sempre lotados, ninguém sai de lá sem alguma esperança: para as solteiras, você vai arrumar um namorado lindo, rico, não vai precisar trabalhar e vocês vão ser felizes para sempre.
Às separadas, seu marido ainda te ama e vai voltar para você. São doces mentiras, como aquela outra: "Você vai ganhar SOZINHA na megasena acumulada. Vai que dá certo!"
Quem já leu "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector, sabe como a Macabéa morreu feliz. Na vila da Light raramente víamos um médico. Dr. Garcia, que resdidia em Votorantim, aparecia muito esporadicamente, quando alguém precisava dos seus cuidados. Ele vinha com seu jipe, pois as estradas eram todas de terra e quando chovia era um lamaçal só.
Quando o caso era dor de garganta, o problema era resolvido rapidinho. O paciente era levado para a Santa Casa de Sorocaba, para ser atendido pelo Dr. Stilitano que sem pensar muito já ia logo tirando as duas amídalas (ou "amidas" como diziam os menos letrados) de quem estivesse ali com a boca aberta à sua frente.
Cirurgia feita, o paciente voltava para a vila da Light no Porcão de 1h20 da tarde, com direito a chupar tantos sorvetes quanto conseguisse para ir aliviando aquela sensação de beliscada na garganta, oba!! Não tenho bem certeza, mas acho que metade de ex-moradores da vila não possui mais este órgão...
Mas, na verdade, nossas mães, mais que médicas, eram sábias. Sempre tinham remédios para tudo: mercúrio cromo, servia para todos os tipos de ferimentos (menos picadas de cobras); chá de poejo e hortelã, para lombrigas assanhadas dor de barriga e gases; folha de batata doce cozida em água, santo remédio para dor de dente. Para deixar o filho lindo e corado, Biotônico Fontoura, aquele em cuja bula tinha o Jeca Tatu e os animais todos calçados com botinhas. Batido no liquidificador com leite moça e ovos de pata, então, o biotônico ficava uma gostosura!
Não posso me esquecer do famosíssimo "Óleo de Fígado de Bacalhau" aquele que tinha um homem fazendo  força para carregar um baita peixão nas costas (mas este já era mais caro, não era pro nosso bico).
Mas, fantástico mesmo, era o melhoral, um "santo remédio" segundo o meu pai.Todas as vezes que ele saía do banho, ele tomava um, para não pegar resfriado (e, sim, ele tomava banho todos os dias!). Na verdade, ele tinha horror à água fria, por isso nunca nadou na Cachoeira. Tadinho, não sabe o que perdeu!
Lembro-me que, na vila, raramente ficávamos doentes; excetuando-se as pequenas enfermidades já citadas, éramos todos saudáveis. Será que por andarmos descalços, pouco agasalhados, bebermos água da bica (com açúcar cristal e limão), comermos goiabas bichadas, manga com sal, chuparmos cana na roça do Sr. Claudino, criamos resistência?
Se tudo isso fez bem para nós tenho cá minhas dúvidas... Só sei que todos sobrevivemos com muita saúde, sem contar as complicaçõesinhas próprias da idade e que agora  tem quatro dos nossos tentando salvar o planeta, digo a nossa vila. A primeira letras de seus nomes seriam J.O.B.B e parace que os tais, se auto-intitulam "Os 4 Mosqueteiros" ou "Os 3 Mosqueteiros mais Dartagnan". Pelo que sei esses combatentes já tem até um blog, com mais de  60 mil acessos em menos de um ano chamado "Filhos da Light".
Que Deus tenha piedade de seus adversários! (God have mercy) Porque saúde, os caras devem ter...e muita!!
(Quase ia me esquecendo de outra de nossas iguarias miraculosas: içás torradinhos na chapa, com sal. Que levante a mão quem nunca comeu!)

A TRILHA

A TRILHA

Trilha é um caminho estreito por onde passamos em busca de um tesouro, não é algo feito e, sim, à conquistar e sempre sugere uma aventura. Alguns anos atrás, quando éramos muito jovens eu e meus irmãos, certa vez, fizemos uma trilha, mais precisamente, num dia de Ano Novo.

Nesse dia as pessoas da redondeza e também as da vila costumavam ir ao encontro da santa (uma imagem de nossa senhora Aparecida que era trazida para Sorocaba) e nós lá em casa resolvemos fazer algo diferente, fomos ao encontro de outra coisa que nos era sagrada: do nosso SANTUÁRIO ECOLÓGICO!

Assim, logo de manhã começamos a nossa jornada para a qual levamos uma cesta repleta de coisas gostosas (sobras da ceia)... e lá fomos nós! Descemos até o acampamento, passamos pela primeira Cachoeira e pegamos a trilha que vai até o escadão e começamos a subir.

O sol começava a dar o ar da sua graça e, na medida em que íamos caminhando, a natureza ao redor ia se revelando cada vez mais linda! Para alcançar novamente a trilha, perto de onde ficavam os canos pretos sobre as corredeiras que vinham lá do Cachoeirão, tivemos que caminhar pulando umas pedras amontoadas umas sobre as outras, parecendo terem surgido de uma grande explosão.

É quase indescritível contar sobre o barulho das águas descendo com aquela rapidez por entre as pedras: era como se tivessem pressa de chegar a algum lugar; ao contrário das aranhas que teciam suas teias, vagarosamente, como tivessem todo o tempo do mundo.

Um pouco mais acima, começamos a caminhar pelo mato ainda molhado pelo orvalho da noite. Mas, o sol, agora um pouco mais forte, começava a aquecer os nossos corpos então, para descansar e matar a nossa sede, paramos nas ruínas da primeira represa que existiu por lá e tomamos água direto da represinha (Impossível crer que alguém pudesse ter chegado até lá com pedras tão pesadas de meia tonelada para a construção).

Aproveitamos a vista deslumbrante daquela mata nativa com sua vegetação, as árvores com suas folhas balançando ao vento e as borboletas, de flor em flor, como se estivessem desejando um FELIZ ANO NOVO A CADA UM.

Pelo caminho era comum ouvir o canto das cigarras que pareciam estarem muito felizes. Uma vez ou outra atravessava o nosso caminho, uma cobrinha, rastejando ligeiras e indiferentes, como se não estivéssemos ali. Vimos também uns lagartos (calangos?) meio desconfiados tomando sol sobre canos e pedras.

Chegando ao alto do morro não vimos uma viva alma: acho que estavam ainda todos dormindo pela festança da noite anterior, menos as vacas, estas, fazendo um barulhão para tentar acordar os dorminhocos.

Fomos até o portão da estrada e rumamos para a represa. Naquela época era pouco o movimento, então, demos uma paradinha obrigatória na "Água do Bolino" e seguimos em frente sempre brincando e conversando de modos que nem sentimos a caminhada.

Chegando à barragem, nos sentamos embaixo de uma árvore onde degustamos o nosso lanche com direito a tubaína quente (Bem, alguma coisa tinha que ser menos legal, né?).  Dali mesmo, pouco depois, vi o Wande, o Paulo e o João brincando na água enquanto eu pensava que aqueles meninos eram mais que meus irmãos, pois eu também ajudei mamãe a criá-los...
Na volta descemos pelo trole e chegamos em casa exaustos fisicamente, porém, felizes da vida! Meus queridos, quero dizer que amo vocês e espero que vocês se lembrem desse dia especial, em nossas vidas, tanto quanto eu.

Histórias para Aquecer o Coração

Histórias para Aquecer o Coração 

Seu Crispim sempre foi um grande artista! Quando estava para casar logo começou a pintar sua casa que, por acaso, era ao lado da nossa, no Balanço. Sempre soubemos que ele era pintor de paredes, mas a que ele fez na sala da sua casa foi uma obra de arte! Eram desenhos imitando madeira, de 1m50 de altura, ao redor de toda a sala. Era tão perfeita, a pintura, que tinha-se a nítida impressão de tratar-se de madeira envernizada, proporcionando um efeito maravilhoso. Depois da etapa da pintura foram chegando os móveis dos noivos: sala de jantar de madeira, mesa, cadeiras, duas peças que não sei o nome, uma cristaleira e o jogo de quarto, também em madeira, combinando com os móveis da sala.
Dona Luiza morava em Votorantim e sempre que podia dava uma chegadinha lá para os últimos retoques. Para nós, crianças, era tudo novidade e lembro com carinho especial da cortina de crochê com desenhos de anjos. Depois que seu Crispim e Dona Luiza se casaram, vivíamos na casa deles, tínhamos uma liberdade de entrar e sair... até demais!
Num desses dias, eu estava ajudando na limpeza e encontrei uma grande mala (mais parecia um baú revestido de couro), em cima do guarda roupa no quarto grande deles, onde ninguém tinha acesso. E certo dia, D. Luiza resolveu abrir a mala para a nossa alegria, já que eu e meus irmãos estávamos morrendo de curiosidade desde que o "baú" fora descoberto. Mas, valeu à pena esperar: aquilo parecia um sonho! Dali sairam coisas maravilhosas: talheres de prata, cristais, porcelanas e muitos vestidos de seda, alguns estavam até se desfazendo, devido ao tempo guardado, pois esta mala era de uma tia do Senhor Crispim, lá da Bahia.
Na medida em que a família ia crescendo, nós íamos acompanhando também e eu deveria ter uns 9 anos quando recebi a missão de levar a Denise recém-nascida (que era afilhada da minha mãe) para ser amamentada pela D. Biga. Dona Luiza não tinha leite suficiente e toda manhã eu ia até sua casa pegar o bebê - isso era feito várias vezes ao dia, mas eu só ia na parte da manhã.
E numa dessas manhãs lá fui eu, toda alegre e saltitante, com o bebê no colo, só que quando comecei descer os escadões resolvi pular os degraus de 2 em 2 . Bom, isso foi fácil demais e daí resolvi experimentar de 4 em 4 degraus e não é que virei o pé e voei com a pobre denise no colo?!
Nesse momento, o “pacote”, quer dizer, o "bebê" voou também! Mas rapidamente eu levantei, tirei os pedregulhos do joelho e corri pegar a Denise que estava a uns 4 metros de mim. Para minha sorte, D.Luiza tinha caprichado no “pacote” e sua filhinha estava muito bem embalada, tanto que ao pegá-la do chão estava tudo perfeito, na verdade, ela continuava dormindo! Seguimos então em frente, eu a pobre nenezinha, até a casa da Dona Biga. Chegando lá a Denise mamou tranquilamente, como de hábito, e voltamos sãs e salvas para casa.
Claro que eu não contei para ninguém o que houve, mas, agora, depois de tantos anos, resolvi recolher esses momentos mágicos em minha memória e dividi-los com todos vocês, numa singela homenagem que presto a esta família tão especial e querida que eu não vejo há tanto tempo...

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

AMOR E ÓDIO

 AMOR E ÓDIO
 Na fila de trás, da esquerda para a direita, as irmãs Inês, Natalina e Isabel

Carinhosa Homenagem da Autora à Irmã Mais Velha
(Natalina Castro)
“Ela é fã da Emilinha,
diz o Cézar de Alencar,
Grita o nome do Cauby,
Que o show vai começar”
 Era assim que começavam os shows que a Rádio Nacional apresentava ao vivo do Rio de Janeiro.
Eu era o oposto da minha Irmã Inês, ela era fã da Emilinha e Cauby Peixoto e eu Ângela Maria e Francisco Carlos (cantor de uma música só) e daí por diante...
Para provocá-la, muitas vezes, eu desligava o rádio na tomada. Mamãe, cansada das nossas brigas, chegou até a sugerir que ficássemos "de mal" até a raiva passar. Jamais, pois tínhamos uma programação intensa juntas!
Começava logo as 6 da manhã, quando subíamos no alto do morro tomar leite tirado na hora da vaca, que meu pai pagava adiantado para a Zilda sobrinha do Sr. Claudino. À tarde íamos para escola juntas, pois a mesma era mista: 1ªs e 2ªs séries juntas de manhã e a tarde 3ªs e 4ªs séries.
A Inês levava uma pequena desvantagem comigo, já que mamãe só permitia que ela saísse se eu fosse junto. Juro que nunca me aproveitei disso.
Aos 14 anos ela já era muito gatona, tinha muitos pretendentes, pouco juízo e pouco jogo de cintura para lidar com isso. Cada vez que era pedida em namoro deixava para responder depois e eu era sua assessora para assuntos aleatórios.
Certa vez dei a desculpa que meu pai não queria o namoro porque o tal pretendente não trabalhava, outro porque era protestante também joguei na costa do meu pai. Teve outro que era amigo do Sr. Didi Borges,  estava tudo certo para se encontrarem na sede nova , lá pelas duas horas da tarde Inês contou para minha mãe do turco rico que ela ia conhecer. Foi a maior besteira, mamãe foi taxativa: “ Vai você Nata avisar esse atrevido que filha minha não namora qualquer um, muito menos turco, sabe lá Deus porque veio parar aqui no Brasil de tão longe”.
E lá fui eu dar o recado feito um pombo correio. O homem já estava esperando com uma caixa de presente na mão, quando soube da má noticia quase chorou, quanto ao presente morro de curiosidade até hoje para saber o que tinha lá dentro.
Marinês como era chamada estava sempre inventando moda. Certa vez resolveu que ia fazer uma saia justa e o tecido que achou mais fácil foi a toalha da mesa da nossa mãe. Dobrou a toalha passou uma costura de lado a lado na máquina Elgin que tínhamos em casa, ficou um pouco justa, mas era isso mesmo que ela queria.
Apertou-se um pouco e entrou naquele tubo, logo em seguida desceu na casa das irmãs Doca e Dirce para mostrar seu “modelito”. Daí resolveu dar uma esticadinha até a casa da sua amiga Nilbe que ficava ao lado do parquinho.
Começou a escurecer e nada da Inês chegar. Minha mãe foi até o escadão deu uns gritos e que nada adiantou, mandou que eu batesse em todas as casas do balanço que eram treze contando com a da Dona Elci, mas nada dela aparecer.
Diante disso, descemos até o acampamento onde ela estava bela e formosa com as amigas dela. De volta para o balanço, mamãe prometeu lhe dar uma surra quando chegasse em casa, para sua sorte, A Davina  (do Salvado Nogueira) estava nos visitando. No outro dia a saia já tinha voltado a ser toalha de mesa xadrez novamente.
Quanto aos namorados, eu e meus irmãos criamos fama de índios, pois certa vez jogamos pedras num namorado que nossa mãe não gostava. Quando comecei a namorar o Chico alguém da Light foi logo avisando que os cunhados não eram fáceis.
Crie fama e deite na cama, como diziam os antigos. Ainda bem que quando ela conheceu  o Toninho (seu marido) já tínhamos mudado da Light.
Para minha sorte foi no meu apartamento que se conheceram. Menos mal, assim não fico com tanto peso na consciência.
Inês, não me esqueço daquela nossa viagem para Balneário de Camboriú, onde rimos muito.
Sou grata a Deus pela sua vida!
A VENDA DA LIGHT



Imagem: http://noticiasderolandia.blogspot.com.br/2013/06/venda-antiga-de-patrimonio-beira-de.html

 Hoje em dia utilizamos os cartões de crédito/débito para pagar a maioria das nossas contas, o tão conhecido dinheiro de plástico hoje é quase que unanimidade no mundo todo, mas nem sempre foi bem assim e é sobre isso que gostaria de escrever. Nos anos 60, minha mãe Natalina (Nata) trabalhava na venda do meu tio Toninho lá na Vila da Light em Itupararanga, pertinho de Votorantim, por lá ainda nem se imaginava ou pensava no cartão de crédito, quem reinava absoluta e comandava o poder de compra das pessoas era a famosa caderneta. Em outros lugares do mundo até existia cartões de crédito nesta data, mas a Vila da Light tinha seu modo próprio de vida e consumo. O armazém Antonio de Castro –  Secos & Molhados era mais do que um simples estabelecimento, era um ponto de encontro para os moradores e eventuais visitantes. Naquela época não existia shoppings, grandes hipermercados e todo este potencial comercial que vemos hoje, assim a loja de presentes, o supermercado, a praça de happy hour, o informativo geral da vila se concentrava ali.
Quando precisavam de informações sobre a vacinação ou a programação do cinema de quinta feira era lá que encontravam os avisos, sem contar da tradicional pescaria de quinta para sexta feira santa que também era programado ali. Durante o dia três horários com seus públicos distintos movimentavam a venda: logo cedo as donas de casa que iam buscar pães, sendo que muitas vezes moravam tão perto que iam de penhoar; mais tarde o pessoal do leite que iam se achegando e enquanto esperavam encher sua garrafa de vidro ou outro utensílio colocavam as conversas em dia e acredito que este pequeno momento de prosa fez a diferença na vida de muita gente; e nos finais de tarde depois de um dia honroso de trabalho seus freqüentadores lá apareciam para um pequeno “happy hour a moda laitense”, a cervejinha gelada com alguns petiscos que preparavam como: a lingüiça cozida no álcool feita na latinha de alumínio, o salame fatiado, o queijo cortadinho temperado com ervas e os sanduiches frios de mortadela, queijo e outros feitos especialmente pelo meu tio Toninho que sempre foi um excelente anfitrião. Cada garrafa de cerveja consumida era imediatamente reposta por outra, não tinha esse negócio que vemos hoje em dia de um pagar e outros querem tomar de graça... Poderia até ter, mas acredito que isso sim era a exceção.Olhando para os anos passados a antiga venda já fazia sua contribuição para a história e também para a modernidade. É interessante constatar que graças a estes estabelecimentos que vendiam de tudo que surgiram os botequins. Segundo a história, no século passado os bares não eram tidos como lugares adequados para os “homens de família”, então os donos das vendas começaram a servir pequenos aperitivos junto com as bebidas e assim perdura até os dias de hoje e lá na vila não foi diferente. E os amigos da minha mãe que sempre estavam por lá, era comum o Dan chegar com bolo que sua mãe tinha feito de presente e ficar para escutarem juntos os programas do Barros de Alencar, naquela época já escutava o rei do rock Elvis Presley brilhar com Kiss me Quick sempre em primeiro lugar. Também não posso esquecer-me das amigas que passaram por lá: A Nadir do Jaime, a Laura do Nelson, a Cida do Zinho e tantas outras pessoas maravilhosas e queridas que lá estiveram se sintam também homenageadas e lembradas neste momento.O tempo passou e quando a foto da venda foi postada no blog do Tio Billy despertou as lembranças em mamãe e por isso que ouvindo suas histórias quis relatar este momento, apesar de eu não ter vivido me sinto privilegiada de saber que existiu um lugar como este e que nos anos de sua existência (1965-1975) o prazer de comprar estava acima de bens e sim na felicidade de um convívio social prazeroso de maneira simples e verdadeira. Nestes anos puderam acompanhar o governo trocando nossas moedas, receber as visitas que vinham nas casas dos laitenses, mas que muitas vezes eram recepcionados lá e sem contar os grandes acontecimentos. Com certeza os fatos narrados acima poderiam ser confirmados pela figura lendária e querida do Sr. José  Caetano que mesmo aposentado morava na vila, pois seu filho Miro continuou trabalhando lá e graças a isso tinha tempo para ir na venda. Marcando ponto em horário comercial, fizesse chuva ou sol, lá estava ele sentado no banquinho acompanhando tudo, apenas algumas pausas para seus cochilos rápidos e restauradores, afinal ninguém é de ferro né! Então finalizo esta viagem através do túnel do tempo para a venda do Tio Toninho como um momento feliz e memorável. Sorte daqueles que tiveram o prazer de vivenciar este momento e deixo aqui minha singela homenagem à família do meu querido Tio Antonio de Castro proprietário da venda, a minha mãe Natalina de Castro que durante anos esteve trabalhando lá e todos os laitenses clientes e acima de tudo amigos. 

(Escrito por Mariana Castro junto da minha mãe Natalina de Castro e tia Berenice esposa do tio Toninho de Castro).