segunda-feira, 21 de agosto de 2017

AMOR E ÓDIO

 AMOR E ÓDIO
 Na fila de trás, da esquerda para a direita, as irmãs Inês, Natalina e Isabel

Carinhosa Homenagem da Autora à Irmã Mais Velha
(Natalina Castro)
“Ela é fã da Emilinha,
diz o Cézar de Alencar,
Grita o nome do Cauby,
Que o show vai começar”
 Era assim que começavam os shows que a Rádio Nacional apresentava ao vivo do Rio de Janeiro.
Eu era o oposto da minha Irmã Inês, ela era fã da Emilinha e Cauby Peixoto e eu Ângela Maria e Francisco Carlos (cantor de uma música só) e daí por diante...
Para provocá-la, muitas vezes, eu desligava o rádio na tomada. Mamãe, cansada das nossas brigas, chegou até a sugerir que ficássemos "de mal" até a raiva passar. Jamais, pois tínhamos uma programação intensa juntas!
Começava logo as 6 da manhã, quando subíamos no alto do morro tomar leite tirado na hora da vaca, que meu pai pagava adiantado para a Zilda sobrinha do Sr. Claudino. À tarde íamos para escola juntas, pois a mesma era mista: 1ªs e 2ªs séries juntas de manhã e a tarde 3ªs e 4ªs séries.
A Inês levava uma pequena desvantagem comigo, já que mamãe só permitia que ela saísse se eu fosse junto. Juro que nunca me aproveitei disso.
Aos 14 anos ela já era muito gatona, tinha muitos pretendentes, pouco juízo e pouco jogo de cintura para lidar com isso. Cada vez que era pedida em namoro deixava para responder depois e eu era sua assessora para assuntos aleatórios.
Certa vez dei a desculpa que meu pai não queria o namoro porque o tal pretendente não trabalhava, outro porque era protestante também joguei na costa do meu pai. Teve outro que era amigo do Sr. Didi Borges,  estava tudo certo para se encontrarem na sede nova , lá pelas duas horas da tarde Inês contou para minha mãe do turco rico que ela ia conhecer. Foi a maior besteira, mamãe foi taxativa: “ Vai você Nata avisar esse atrevido que filha minha não namora qualquer um, muito menos turco, sabe lá Deus porque veio parar aqui no Brasil de tão longe”.
E lá fui eu dar o recado feito um pombo correio. O homem já estava esperando com uma caixa de presente na mão, quando soube da má noticia quase chorou, quanto ao presente morro de curiosidade até hoje para saber o que tinha lá dentro.
Marinês como era chamada estava sempre inventando moda. Certa vez resolveu que ia fazer uma saia justa e o tecido que achou mais fácil foi a toalha da mesa da nossa mãe. Dobrou a toalha passou uma costura de lado a lado na máquina Elgin que tínhamos em casa, ficou um pouco justa, mas era isso mesmo que ela queria.
Apertou-se um pouco e entrou naquele tubo, logo em seguida desceu na casa das irmãs Doca e Dirce para mostrar seu “modelito”. Daí resolveu dar uma esticadinha até a casa da sua amiga Nilbe que ficava ao lado do parquinho.
Começou a escurecer e nada da Inês chegar. Minha mãe foi até o escadão deu uns gritos e que nada adiantou, mandou que eu batesse em todas as casas do balanço que eram treze contando com a da Dona Elci, mas nada dela aparecer.
Diante disso, descemos até o acampamento onde ela estava bela e formosa com as amigas dela. De volta para o balanço, mamãe prometeu lhe dar uma surra quando chegasse em casa, para sua sorte, A Davina  (do Salvado Nogueira) estava nos visitando. No outro dia a saia já tinha voltado a ser toalha de mesa xadrez novamente.
Quanto aos namorados, eu e meus irmãos criamos fama de índios, pois certa vez jogamos pedras num namorado que nossa mãe não gostava. Quando comecei a namorar o Chico alguém da Light foi logo avisando que os cunhados não eram fáceis.
Crie fama e deite na cama, como diziam os antigos. Ainda bem que quando ela conheceu  o Toninho (seu marido) já tínhamos mudado da Light.
Para minha sorte foi no meu apartamento que se conheceram. Menos mal, assim não fico com tanto peso na consciência.
Inês, não me esqueço daquela nossa viagem para Balneário de Camboriú, onde rimos muito.
Sou grata a Deus pela sua vida!

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