Sétimo filho do casal José e Maria, José Wanderley, mais conhecido como "Wande", nasceu na vila da Light em 15 de setembro de 1951. Criado de maneira livre e solta, Wande junto com seus irmãos, Paulo e João, formavam um trio de travessuras e nossa mãe nem imaginava o que eles aprontavam. Certa vez, João atirou uma bolinha de gude no paredão e a mesma voltou com tanta força acertando o vidro traseiro do carro do meu pai, um Ford 29 com capota de lona que era o xodó dele, quase morreu de desgosto! Dos três, o Paulo era o mais quieto, mas o mais levado. Um dia resolveu descer a rampa do balanço com uma bicicleta pequena que ele e o Wandão reformaram. Resultado da aventura: um pequeno acidente com esfoliações pelo corpo inteiro até o rosto, quem socorreu foi o saudoso Sr. Orlando que cuidou de todos os machucados.
O Wande deu mais trabalho quando nasceu, pois não aceitava nenhum tipo de leite e, como o materno era pouco, mamãe foi tentando com outros até que chegou ao "Leite Moça", o qual ele tomava tudo e ainda pedia mais. Era comum meu pai comprar 40 latas de leite por mês e era uma festa, pois, além de tomarem o leite, usavam as latas para brincar no corredor da casa jogando uma atrás da outra, sem contar os irmãos mais velhos que tomavam o leite na madrugada.
E por tudo isso, mamãe, fez a promessa de mandar uma foto dele para a Aparecida do Norte, com a mamadeira na mão, caso ele aceitasse o leite. Porém o tempo passou e quando foram tirar a foto o Wande já estava grande. A solução, então, foi embrulhar a mamadeira; assim ninguém iria ver. Mas o que merece mesmo destaque é a criatividade do meu irmão Wande, como ele tinha idéias incríveis e, mais do que isso, como as colocava em prática. Uma vez ele desmontou um banco que tinha em casa e fez um carrinho de rolimã; tinha quase 2 metros de comprimento, breque e volante. Lotava o mesmo de crianças e descia a malvada rampa do balanço, para sorte delas, saiam sãs e salvas!
Bem, mas vamos ao famoso bote que parou a vila da light no dia de seu "batismo" ou lançamento às águas. Segundo o Wandão, ele estava fazendo uma caminhada no mato "para lá dos canos" - e quem morou na Light sabe exatamente onde fica esse lugar - quando viu uma enorme árvore caída por uma tempestade de ventos dias antes. Voltou para casa pegou um serrote do meu pai e começou serrar primeiro a raiz, depois a copa, não foi fácil, pois o tronco era enorme e foram longos meses de solidão, já que seria uma surpresa para os amigos.
Passado mais algum tempo, chegou o grande dia de colocar o bote na água. Tinha mais de 30 crianças para retirar o bote do mato: enfrentaram barrocas e subidas por causa do terreno acidentado e pouco espaço entre o paredão e os blocos de cimento que segurava os canos. Este dia parou a vila! Na primeira tentativa o bote virou, mas isso não foi problema já que foi retirado da água e Wande arrumou ali mesmo. Muitos laitenses andaram neste bote, quase virou um ponto turístico com tantas visitas e, o mais incrível, como o tempo passou e as pessoas não se esqueceram dele, cada vez que encontro alguém da light vem sempre o assunto: O bote do Wandão!
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