quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Fugindo de fantasmas




No bairro de Itupararanga, onde a quase cem anos atrás foi fundada a usina Hidroelétrica, que muitos conhecem como LIGHT.Meu pai por mais de quarenta anos prestou serviços para essa empresa criada por canadenses.Era um condomínio fechado onde tínhamos tudo de graça: Casa,escola ,entretenimentos e condução para as cidades mais próximas para completar os estudos ou mesmo fazer compras.Era muito raro recebermos visitas pois as mesmas tinham que avisar com antecedência para que fosse liberada a entrada das pessoas e, por conta dessa formalidade, muitos deixavam de vir e nos íamos ficando cada vez mais apegados com os nossos vizinhos e depois de tantos anos continuamos grandes amigos .

Nós crescemos ouvindo várias estórias tão bem contadas pelos nossos pais e nossos vizinhos (causos de assombração).Era comum se reunirem dez ou mais pessoas sentadas no escadão centenário de pedras, em frente da nossa casa.

Eu adorava ouvir tudo nos mínimos detalhes. Naquela época era bem mais sossegado. Não existia TV, celular, internet, etc. O único meio de comunicação era o rádio.

Cada vez que morria alguém na vila era uma novidade. O defunto nem tinha esfriado e nós, as crianças, já estávamos xeretando .Só que quando chegava a noite, nós ficávamos grudadas na saias de mamãe feito sombras de tanto medo.

Por ocasião da passagem de uma pessoa da vila, eu e minha irmã Inês descemos até o velório, na verdade, fui mais por imposição da nossa mãe porque Inês só saia se eu fosse junto .Chegando lá ficamos meio ressabiadas, pois ali não era minha praia, mas mesmo assim permanecemos no local o tempo suficiente para ficar ciente do ocorrido. Achei meio estranho ninguém estar chorando, nem mesmo às pessoas da família. Foram se passando as horas e decidimos ir embora, Só que tinha um porém, as pessoas que, achamos nos fariam companhia não vieram. Não sei se elas não gostavam de velório, ou não quiseram ir mesmo (até porque na época nem perguntei). Não restou outra opção, senão agarramos uma a outra e começamos a subir rumo ao balanço (onde ficava a nossa casa).Ventava muito naquela noite, as árvores balançavam muito e com aquelas luzes morteiras, as sombras pareciam fantasmas no meio da estrada. Olhar para trás nem pensar. Durante o trajeto não encontramos uma viva alma (ainda bem, porque do jeito que nós estávamos poderíamos ter um chilique).Quem morou na vila sabe que de dia era tudo muito lindo, mas a noite, aquela floresta era uma escuridão e quando fazia frio não ficava nem um gato na rua.Depois de muito sufoco chegamos em casa exaustas. Nossos pais nem perceberam nada como levantavam muito cedo já tinham se recolhido. Naquela noite dormimos de cabeça coberta, foi o maior sufoco,não sei como não morremos de falta de ar.Com certeza essa foi a primeira e ultima vez que fizemos essa aventura.


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Chegamos a mais de 1000 acessos



Gostaria de agradecer a todos que dividem comigo as minhas lembranças e meus momentos especiais.
Hoje ultrapassei mais de 1000 visitas com muita felicidade e podem ter certeza que isso será um incentivo a mais para continuar escrevendo.
Abraços a todos e em especial aos amigos do Elvis Forever Fan Clube Sorocaba o qual faço parte com muito origulho.
Até as próximas postagens!!!!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Raizes





O aniversário da Mariana minha filha foi no dia 16 /08. O telefone não parou o dia inteiro de tantos amigos e parentes ligando para lhe desejar felicidades, fora os emails e recados do Orkut. E para completar o meu amigo Billy colocou uma foto dela com ele brindando com taças de vinho. Fiquei muito emocionada, ate porque meu “brother” é muito carismático e a Mare é um dos meus tesouros. Mas o que me chamou atenção foi a escultura que apareceu na foto.

Pensando bem ela já está comigo há mais de 40 anos. Um dia passeando pela vila encontrei uma árvore de eucalipto caída na beira da estrada, não sei se foi um vendaval, pois dava a impressão de ter sido arrancada com muita força.

Naquele momento não pude fazer nada, pois era enorme, então voltei para a casa e com muito custo convenci o meu pai e meu irmão Wandão (Ai que saudade dos dois) para me ajudar nessa tarefa.

Não cabia no porta malas do carro então eles serraram a raiz com um metro de comprimento e aproveitando que nessa época eu estava fazendo um curso de artes eu a levei para minha escola. De cara a professora ficou encantada, conforme eu ia lixando ia aparecendo as formas de vários animais e aves cobras, ovelhas, pomba, a cabeça de boi, um macaquinho e várias figuras dependendo do angulo que era visto. Pronta a escultura feita pela natureza (pois o meu trabalho só foi trazê-la e exaltar suas belezas).

Ela foi para a exposição da escola de artes de Votorantim que era uma tradição nos finais do ano. Nem preciso dizer que foi o maior sucesso e mesmo depois que eu não freqüentava a escola me pediam para ser exposta.

Com o passar do tempo ela foi se tornado algo comum como todas as coisas que nos rodeiam por muito tempo, e foi parar no quarto de despejo. Foram quatro mudanças físicas, e emocionais eu perdi a conta. Desfiz dos quadros que pintei, castiçais de bronze, porcelanas antigas e lustres porque achava que não combinaram com a casa nova. (Só a raiz que não foi).

No ano passado resolvi a pintar, eu mesma, a minha casa e procurando uns pincéis a vi num canto toda empoeirada, dei uma boa limpada passei uma tinta dourada e a trouxe para dentro de casa, tudo muito automático.

Engraçado como nos seres humanos somos estranhos, foi preciso ver a raiz na foto para dar o valor que ela realmente merece. Agora sei por que nunca me separei dela, de alguma forma eu estava me esquecendo das minhas raízes e ela é o meu elo com o lugar que eu e meus irmãos nascemos e nossos pais chamavam de paraíso.

Hoje eu descobri que leitura não se faz só através de letras que e possível através de imagens e objetos e ao ver a raiz foi como se estivesse lendo a minha autobiografia. Acho que ela sabe mais de mim que eu mesma.

(Dedico esta crônica a querida Ana Elci e seus irmãos Hélio, Maurício, Gláucia e seus familiares).

Um Rei e sua Princesa



UM REI E SUA PRINCESA

(Ana Elci, Simone e Billy Viveiros)

Luzes apagadas e silêncio absoluto no mega estádio lotado. Uma energia intensa no ambiente parece criar eletricidade estática no ar. Então, num momento mágico ansiosamente aguardado pelas milhares de pessoas presentes e por outros milhões grudados diante de seus aparelhos de TV por todo o planeta, ouve-se a primeiras notas no teclado de um piano. Em seguida, metais, num crescendo, que precede a entrada da percussão retumbante e o coro afinadíssimo, ao fundo, numa sequencia da abertura de Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss. É o transfundo perfeito para a bateria frenética e palmas introduzirem os primeiros e deliciosos acordes de See, See Rider e o spot de luz circular, voltado para um dos cantos do palco, revelarem a imagem majestosa e exótica do rei!

Sua Majestade entra exuberante! Com suas botas de cowboy no mesmo tom das roupas apertadas e exóticas - gola alta, capa, cinturão, desenhos formados por espelhos e vidrilhos por todo o corpo, os cabelos negros compridos, enormes costeletas – que enlouquecem seu cativo público feminino, ele repete o ritual e a marcação de palco como já o fizera em centenas de outros shows que realizou.

Sob os gritos femininos enlouquecidos ele, o rei Elvis, caminha de um lado a outro do palco, anda de frente, de costas, faz charme, exibindo seu sorriso com covinhas e passando em revista banda e público. Ele marca posição. Seus pequenos olhos azuis brilham, agora, sob a luzes de muitos outros spots e dos reflexos de zilhões de flashs de máquinas fotográficas. Ele se dirige a um dos cantos do palco onde um dos integrantes da banda lhe entrega um violão que ele se apressa em acomodar no dorso. Um fração de segundo depois, diante de um microfone ouve-se aquela voz conhecida:Oh see, see rider! e numa linda casa, na cidade de Votorantim, São Paulo, Brasil, um arrepio percorre as costas de uma moça e ela sente os pelos do braço eriçarem e os olhos marejando. Um incontrolável sorriso toma conta de seu rosto e enquanto o coração bate cada vez mais acelerado no peito, quase que nem se dar conta, seus lábios insistem em repetir baixinho a estrofe daquela canção que o rei canta só para ela!


O texto acima surge da linda intenção da Ana Elci e da Simone em prestarem uma homenagem a outra querida Filha da Light, que pode ser considerada a “cronista oficial de nosso Vale Encantado”, a Natalina de Castro (Nata).

Como muitos devem saber, Nata, é fanzona do Elvis Presley, então as meninas me escreveram e, juntos, produzimos o texto acima, com todo o nosso carinho, para essa outra menina que tem encantado a todos com suas lembranças e textos maravilhosos. Muito obrigado Nata. Esperamos que se agrade deste nosso pequeno gesto. Com todo nosso carinho (Ana Elci, Simone e Billy).
Clique aqui para matar saudades do Rei do Rock



domingo, 8 de agosto de 2010

VILA OLÍMPICA LIGHT, BERÇO DE CAMPEÕES



Hoje vou falar um pouco sobre as modalidades praticadas em nossa vila, que não eram poucas.

Começando pelo futebol, jogo de bocha e malhas que era tão bem cuidado pelo Senhor Alcides que, aliás, também praticava ciclismo e fazia locação de bicicletas.

Natação era poucos os que não praticavam, tinha os atletas dos saltos ornamentais e o pessoal do mergulho, basicamente as crianças cresciam na água.

Montanhismo nós já praticavamos escalando os paredões de pedras dos nossos quintais. Certa vez, eu peguei numa pedra solta e levei uma queda que me custou um enorme corte no joelho, mas assim que sarei estava lá de novo. O lugar mais alto ficava no quintal do Sr. Argermiro que era muito legal.

Corda não tínhamos, mas era improvisada com cipó que nós pegávamos na mata e era toda emendada, mas nunca deixamos de pular.

Peteca também era feita por nós com palha de milho seca, areia e penas de galinhas. Quando estive no Espírito Santo os garçons do Hotel jogavam peteca no intervalo da tarde, fazia muito tempo que eu não via esse tipo de esporte.

A Isa, minha irmã, era campeã de pular pauzinhos, 2 metros já estava pouco, parecia que voava igual as atletas do salto a distância hoje em dia.

Bolinhas de gude eu adorava apesar de ser mais voltado para os meninos. Na Light eu jogava numa boa até porque éramos todos amigos.

A subida até o balanço pelo inclinado do trole era fichinha, mas até o alto do morro tinha que estar em boa forma.

Pontaria os meninos treinavam com sementes de mamonas, pena que o alvo era sempre nós as meninas (chegava até ficar vermelha e como doía).

Queimada, jogos de dama, dominó e saquinhos de areia eram os nossos preferidos. Baralhos eram só para os mais velhos.

O escotismo masculino e feminino, com os chefes Clecyr ,Waldemar e outros foi de grande importância para nosso desenvolvimento e pessoas como o Zé Dudu que foi um grande incentivador para a molecada principalmente no futebol.
Adicionar vídeo
Braço de ferro era praticado pelos mais fortões que precisavam ter “muque”. Nas festas, corridas de saco e ovo na colher, pelo que eu sei o Flavio Soares é campeão junto com a Maria Clara neta da Isa.

Faltou dizer de rodar arquinho e pneus que era meio difícil de tão acidentado que eram nossas vias.

Mas idéias não nos faltavam: pescaria, rapel e para quem gostava de aventuras perigosas descer pelos trilhos do trole sentados em cima de um monte de capim. O que realmente importava era praticar esportes, não importa qual fosse!!
Clique Aqui e veja este video homenagem:
http://www.youtube.com/watch?v=hBNEEmSN9Is&feature=channel

Meu nascimento

Nasci em Itupararanga no dia 25 de dezembro de 1947, morávamos na segunda casa do lado direito para quem vem da cachoeira.

Como era Natal vim ao mundo no meio de uma ceia, mamãe repetia sempre que por ser muito religiosa e ser chamados José e Maria ter um filho nascido no dia de natal foi uma bênção.

La pelas duas da manhã começaram chegar as visitas, diferente de Jesus que recebeu ouro incenso e mirra, nós recebemos peru com farofa, frango e leitoa assado, bolos e doces e todo tipo de degustações pois interrompi a festa deles.

Infelizmente não pude desfrutar dessa comilança, pois só tinha uma hora de vida e foi à primeira festa que participei. Dizem os mais chegados que eu tinha uma estrela na testa, outros um olho de pomba na verdade era só uma pinta vermelha que com o tempo foi parar na minha nuca.
Ainda bem, já pensou que poderia ter descido até a ponta do meu nariz .

O meu nome era para ser Isabel Maria, mas o senhor do cartório sugeriu Natalina e ele aceitou. Esse nome já deu "pano para as mangas".

O Edson meu vizinho falava quero casar com “Latalina” e sua mãe afirmava que era com a Inês, o inspetor que vinha no final do ano corrigir as provas na escola me chamou de naftalina e eu não gostei nem um pouco.

Quando passava as férias em SP na Vila Prudente minha amiga Ana me chamava “Natalee”, pois achava meu nome feio, mui amiga.

Na Light era Tale ou Nata, já no curso de pintura em porcelana Renata e agora no sebo sou Dona Natalia.......E para terminar, Natasha Presley é o meu nome no orkut .

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sozinha em Sampa


Conheci a cidade de São Paulo quando eu era ainda muito pequena. Meus irmãos moravam lá e as minhas férias escolares eu passava com eles na vila Prudente,um bairro da capital,onde a maioria dos moradores eram Italianos (tutti buona gente).Fiz muitas amizades lá,mas, uma foi especial: a Ana. Ela e sua família praticamente me adotaram.Fizemos muitos passeios juntos e eram uma delicia. Trocávamos correspondência durante o tempo que ficávamos longe. Nunca escrevi tanto como naquela época .Com o passar do tempo infelizmente perdemos contato.


Através dos meus irmãos conheci o aeroporto de Congonhas.Na verdade os aviões passavam em cima da casa de meu irmão, pois morava no Jabaquara. Passávamos as tardes de domingo vendo aqueles enormes pássaros fazendo manobras. Antigamente era chique viajar de avião e por isso as pessoa iam vestidas de forma muito elegantes.


Fui a uma corrida de São Silvestre, assisti carnaval de rua e no cinerama vi alguns filmes,que na época, eram o máximo.No museu do Ipiranga vi ate o riacho onde D Pedro declarou Independência ou Morte.


O mar conheci quando tinha 13 anos , foi na cidade de Mongaguá.Fomos numa Rural Wyllys e ficamos uma semana, mas tivemos que voltar pois o meu sobrinho pegou uma isolação e por vários dias ficou internado .


Agora a maior aventura foi quando me perdi na Rua Direita. Estávamos andando no meio daquela multidão, quando encontrei um conhecido e parei para conversar e não vi que minha irmã (que estava me acompanhando) continuou andando .Olhei para os lados e nada.Na verdade aquilo parecia um formigueiro Alguém pode imaginar o que se passou na minha cabeça? Chorar não ia adiantar nada, então tive a idéia de perguntar ao guarda (extinta guarda Civil) que estava bem próximo o que fazer. Fui indagada se sabia voltar para casa e se precisava de dinheiro.Depois de tudo esclarecido,cheguei em casa sã e salva,me sentindo a poderosa ,pois andando sozinha em Sampa .Logo em seguida chegou a minha irmã apavorada, mas ao final acabou tudo bem.


Quem também se perdeu foi minha mãe. Depois de ter feito uma caminhada até Aparecidinha (uma tradição que existe até hoje nos primeiros dias do ano novo).Ela tomou o ônibus de volta para Sorocaba,onde ainda precisava pegar um bonde na Estação Paula Souza para retornar para a Light.Depois de muito procurar a estação, minha mãe e sua amiga Dona Dulce se perderam e só muito tempo depois,graças a uma boa alma, que as levou até o lugar procurado.Passado algum tempo, quando as amigas se encontravam , estas “façanhas” eram motivo de risadas, lembrando que no dia que ocorreu não foi tão engraçado assim..Bons tempos aqueles.Mas o que eu gostava mesmo era de voltar.Acordar na minha casa na vila, aquele silêncio, que permitia nos ouvir o barulho do vento e de alguns latidos dos cães que estavam bem longe.Respirar o ar puro daquela mata verde em volta da nossa casa,era tudo de bom.Viver livre como um pássaro solto na floresta.