quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Raizes





O aniversário da Mariana minha filha foi no dia 16 /08. O telefone não parou o dia inteiro de tantos amigos e parentes ligando para lhe desejar felicidades, fora os emails e recados do Orkut. E para completar o meu amigo Billy colocou uma foto dela com ele brindando com taças de vinho. Fiquei muito emocionada, ate porque meu “brother” é muito carismático e a Mare é um dos meus tesouros. Mas o que me chamou atenção foi a escultura que apareceu na foto.

Pensando bem ela já está comigo há mais de 40 anos. Um dia passeando pela vila encontrei uma árvore de eucalipto caída na beira da estrada, não sei se foi um vendaval, pois dava a impressão de ter sido arrancada com muita força.

Naquele momento não pude fazer nada, pois era enorme, então voltei para a casa e com muito custo convenci o meu pai e meu irmão Wandão (Ai que saudade dos dois) para me ajudar nessa tarefa.

Não cabia no porta malas do carro então eles serraram a raiz com um metro de comprimento e aproveitando que nessa época eu estava fazendo um curso de artes eu a levei para minha escola. De cara a professora ficou encantada, conforme eu ia lixando ia aparecendo as formas de vários animais e aves cobras, ovelhas, pomba, a cabeça de boi, um macaquinho e várias figuras dependendo do angulo que era visto. Pronta a escultura feita pela natureza (pois o meu trabalho só foi trazê-la e exaltar suas belezas).

Ela foi para a exposição da escola de artes de Votorantim que era uma tradição nos finais do ano. Nem preciso dizer que foi o maior sucesso e mesmo depois que eu não freqüentava a escola me pediam para ser exposta.

Com o passar do tempo ela foi se tornado algo comum como todas as coisas que nos rodeiam por muito tempo, e foi parar no quarto de despejo. Foram quatro mudanças físicas, e emocionais eu perdi a conta. Desfiz dos quadros que pintei, castiçais de bronze, porcelanas antigas e lustres porque achava que não combinaram com a casa nova. (Só a raiz que não foi).

No ano passado resolvi a pintar, eu mesma, a minha casa e procurando uns pincéis a vi num canto toda empoeirada, dei uma boa limpada passei uma tinta dourada e a trouxe para dentro de casa, tudo muito automático.

Engraçado como nos seres humanos somos estranhos, foi preciso ver a raiz na foto para dar o valor que ela realmente merece. Agora sei por que nunca me separei dela, de alguma forma eu estava me esquecendo das minhas raízes e ela é o meu elo com o lugar que eu e meus irmãos nascemos e nossos pais chamavam de paraíso.

Hoje eu descobri que leitura não se faz só através de letras que e possível através de imagens e objetos e ao ver a raiz foi como se estivesse lendo a minha autobiografia. Acho que ela sabe mais de mim que eu mesma.

(Dedico esta crônica a querida Ana Elci e seus irmãos Hélio, Maurício, Gláucia e seus familiares).

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