segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sozinha em Sampa


Conheci a cidade de São Paulo quando eu era ainda muito pequena. Meus irmãos moravam lá e as minhas férias escolares eu passava com eles na vila Prudente,um bairro da capital,onde a maioria dos moradores eram Italianos (tutti buona gente).Fiz muitas amizades lá,mas, uma foi especial: a Ana. Ela e sua família praticamente me adotaram.Fizemos muitos passeios juntos e eram uma delicia. Trocávamos correspondência durante o tempo que ficávamos longe. Nunca escrevi tanto como naquela época .Com o passar do tempo infelizmente perdemos contato.


Através dos meus irmãos conheci o aeroporto de Congonhas.Na verdade os aviões passavam em cima da casa de meu irmão, pois morava no Jabaquara. Passávamos as tardes de domingo vendo aqueles enormes pássaros fazendo manobras. Antigamente era chique viajar de avião e por isso as pessoa iam vestidas de forma muito elegantes.


Fui a uma corrida de São Silvestre, assisti carnaval de rua e no cinerama vi alguns filmes,que na época, eram o máximo.No museu do Ipiranga vi ate o riacho onde D Pedro declarou Independência ou Morte.


O mar conheci quando tinha 13 anos , foi na cidade de Mongaguá.Fomos numa Rural Wyllys e ficamos uma semana, mas tivemos que voltar pois o meu sobrinho pegou uma isolação e por vários dias ficou internado .


Agora a maior aventura foi quando me perdi na Rua Direita. Estávamos andando no meio daquela multidão, quando encontrei um conhecido e parei para conversar e não vi que minha irmã (que estava me acompanhando) continuou andando .Olhei para os lados e nada.Na verdade aquilo parecia um formigueiro Alguém pode imaginar o que se passou na minha cabeça? Chorar não ia adiantar nada, então tive a idéia de perguntar ao guarda (extinta guarda Civil) que estava bem próximo o que fazer. Fui indagada se sabia voltar para casa e se precisava de dinheiro.Depois de tudo esclarecido,cheguei em casa sã e salva,me sentindo a poderosa ,pois andando sozinha em Sampa .Logo em seguida chegou a minha irmã apavorada, mas ao final acabou tudo bem.


Quem também se perdeu foi minha mãe. Depois de ter feito uma caminhada até Aparecidinha (uma tradição que existe até hoje nos primeiros dias do ano novo).Ela tomou o ônibus de volta para Sorocaba,onde ainda precisava pegar um bonde na Estação Paula Souza para retornar para a Light.Depois de muito procurar a estação, minha mãe e sua amiga Dona Dulce se perderam e só muito tempo depois,graças a uma boa alma, que as levou até o lugar procurado.Passado algum tempo, quando as amigas se encontravam , estas “façanhas” eram motivo de risadas, lembrando que no dia que ocorreu não foi tão engraçado assim..Bons tempos aqueles.Mas o que eu gostava mesmo era de voltar.Acordar na minha casa na vila, aquele silêncio, que permitia nos ouvir o barulho do vento e de alguns latidos dos cães que estavam bem longe.Respirar o ar puro daquela mata verde em volta da nossa casa,era tudo de bom.Viver livre como um pássaro solto na floresta.



Um comentário:

  1. Mãe!
    Amo suas crônicas, pois quanto mais leio mais aprendo sobre suas aventuras e vejo de onde herdei essas "andanças" pela vida...rsrsrs
    Te amo imensamente
    mare

    ResponderExcluir