quarta-feira, 29 de setembro de 2010
CHEGAMOS A 2000 ACESSOS - OBRIGADA A TODOS
Queridos leitores do meu blog, hoje é um dia especial pois em 5 meses de existência chegamos a 2 mil acessos.
Quero agradecer a todos e principalmente ao meu amigo de infância Luis Francisco Viveiros (comigo na foto acima) brilhante jornalista que atua em grandes meios de comunicação na cidade de São Paulo.
Se não fosse por ele eu não teria iniciado este blog e confesso que dividir a minha história com vocês tem sido um grande prazer.
Abraços a todos
Natalina
domingo, 26 de setembro de 2010
Visitas da Cegonha
Todas as vezes que nascia um bebê em casa, meu pai ia buscar minha avô materna para cuidar da nossa mãe Naquele tempo havia um grande preparativo antes do bebê nascer.Tinha que criar os frango s uns meses antes porque depois do parto a alimentação de minha mãe era de caldo de frango engrossado com farinha de milho, e cerveja preta para aumentar o leite.
Outra coisa importante era ficar de repouso absoluto(costumes dos antepassados) e eu posso afirmar que tudo isso era sabedoria dos mais antigos ,mamãe tinha uma saúde de ferro E nós crianças como não entedíamos bem as coisas ficávamos ao lado da cama perguntando toda hora quando que ela ia se levantar.Imagino a canseira que devia ser nos aturar por uma semana.Mas quando levantava parecia uma fenix ressurgindo das cinzas ,linda e forte para enfrentar a vida .
A chegada da vovó Ana era uma festa para nós, além de nós gostarmos muito dela, ela trazia a nossa prima Eucréia, que ela adotou desde os três meses de Idade devido a perda de sua mãe.Ela era uma menina linda , cabelos loiros de cachos, olhos azuis, sabia cantar e era muito simpática, só que também era muito levada .Enquanto vovó se ocupava com os afazeres domésticos, ela saia de fininho e ia se deliciar nos lugares lindos da vila em que nascemos e passamos a nossa infância e adolescência .Ela adorava escalar a montanha e ficar tomando sol a beira do cachoeirão que tem uma queda de 40 metros, uma verdadeira obra de Deus feita pela natureza.Mais tarde descia e dava um belo mergulho nas águas cristalina da cachoeira, depois de muito tempo é que ela voltava para casa para almoçar . Quando chegava vovó estava desesperada. Até lhe dava uns puxões de orelhas, mas no dia seguinte era tudo a mesma coisa.
Hoje eu entendo o que minha prima sentia para ela era como se fosse umas férias e tinha que aproveitar o máximo daquele vale encantado. E assim foi, a cegonha nos visitou mais cinco vezes e nossa querida vovó e a lindinha prima não faltaram .Ia me esquecendo: Toda vez que a vovó vinha tínhamos que comprar um cachimbo novo porque ela fumava fumo de corda e ela não costumava trazer o dela. Nós adorávamos ficar a sua volta vendo aquela fumaça subindo e ouvindo as suas histórias. Bons tempos aqueles em que as pessoas se preocupavam mais com o seu próximo.
sábado, 18 de setembro de 2010
Meu herói...Meu pai
Uma vez por mês, o trolley parava para sua manutenção. Passava por uma vistoria e seu cabo era todo engraxado.
Diante disso, eu e minhas irmãs, nos revezávamos para levar o almoço do nosso pai. Como todos na Light sabiam, ele não era adepto de caminhadas (só gostava de andar de moto ou de carro) e subir o inclinado a pé estava fora de cogitação.
Nesse dia eu fui escolhida para levar a marmita e lá fui cumprir a minha missão. Hora me equilibrava nos trilhos, e em seguida pulava os dormentes, um de cada vez porque o espaço era um pouco maior que minhas pernas podiam alcançar.
Já sei, vocês estão pensando que dei um tombo na marmita, não é? Pelo contrário, ela chegou lá na ferraria quentinha. Meu pai estava me aguardando sentado em um banquinho, conversando com o sr. Antonio Salvestrini que, acho eu, era o seu chefe.
Enquanto almoçavam, eles iam conversando e eu aproveitava para dar uma olhada em tudo, até porque se não fosse assim, hoje não estaria aqui com esse relato completo dos acontecidos.
A ferraria era um espaço grande retangular, com vários pedaços de ferros amontados num canto. Próximo à janela uma enorme bandeja com brasas incandescentes e, ao lado, uma enorme bigorna onde malhava-se o ferro numa temperatura altíssima e que em seguida, como por mágica, este se transformava em vários objetos pois essa técnica não tem moldes e depende unicamente da criação do ferreiro.
Esta profissão está quase extinta, porque é muito desgastante ficar em frente àquele fogo ardente. (Seu Zé ficou quase 40 anos!). Só depois de muito tempo que percebi quão dura foi a vida dos nossos heróis da Light.
Quero dizer aqui o quanto orgulho sinto de meu pai, que além de um pai maravilhoso, era meu herói.
Em primeiro plano a Ferraria onde meu pai trabalhava
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Shampoo Halo - O xampu não só das estrelas!
Quando eu era pequena tinha complexo por ter cabelos lisos, já que naquela época a moda era cabelos crespos.
Minha mãe até fazia em mim uns rolinhos amarrados com palha de milho que eu tinha de ficar o dia inteiro com cara do E T.,mas pouco adiantava , pois quando soltava voltava ficar todo escorrido.
Certo dia em que eu visitava meus pais , meu pai me pediu para que eu fizesse uma permanente no cabelo de mamãe para que ela ficasse "A La Froche" , palavra que nunca achei tradução em nenhum lugar mas penso eu que seria mais BONITA.
Pelo que me lembro as experiências com essa técnica nem sempre deram bons resultados ,para ir no casamento do meu irmão ela pediu para a amiga dela enrolar o cabelo na véspera , não sei o que aconteceu pois para o desgosto dela a permanente pegou demais e os rolinhos ficaram muito curtos , e ela não teve escolha e foi ao casamento daquele jeito mesmo.
Na vila que eu morava, a nossa vizinha era D Josefa uma senhora muito bondosa que nos acolhia em sua casa com muito carinho, eu e minhas irmãs gostávamos de vê-la fazer tricô e crochê
enquanto ouvia as radio novelas no seu radio grande de válvulas que ficava em sua sala .
Sentadas ao seu lado no tapete nem sentíamos as horas passarem. A Deusa dos cabelos de sol era uma das suas novelas prediletas , os atores eram Roberto Faissal e Daise Lucidi a mesma da novela PASSIONE.
Nos intervalos os reclames eram do xampu Halo e Sabonetes Eucalol. Quase todas as tardes
D Josefa e seu marido iam até a cidade na casa da filha deles e como nos estávamos sempre
perto eles nem fechavam as portas e para nós crianças tudo era novidade.
No quarto tinha uma penteadeira com batons da COTY, muitos perfumes importados e vários bibelôs e um porta jóias lindo que também era uma caixa de música onde na parte de cima uma bailarina dançava ao som de uma musica clássica.
E os sapatos, vários pares de cores diferentes , um mais lindo que o outro , eu até calcei alguns mas não sai do lugar era muito pequena para andar de salto alto .
Depois de ter visto tudo fui até o banheiro que ficava no fundo da casa e lá encontrei um vidro do xampu HALO(aquele do reclame da novela), não pensei duas vezes tirei as roupas , abri o chuveiro que aliás parecia uma chuva de tanta água que caia, lavei os cabelos com o famoso xampu das estrelas e sai com os mesmos lindos e sedosos....Igual o dos reclames.
Voltando a permanente de mamãe. depois de algum tempo fiz um curso básico e toda vez que fazia o cabelo dela , ela achava que não ia dar certo e não dava mesmo. Eta força de pensamento.
Por hoje é só...agora vou fazer uma escova e uma chapinha porque só uso cabelos lisos...ainda bem que mudou a moda!
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
TENHO MEDO
Foto da escola onde estudei em Itupararanga
"TENHO MEDO"
Na vila onde nasci antes de ser uma Usina Hidrelétrica era um sítio com mata maravilhosa, lindas cachoeiras, montanhas rochosas parecendo um grande Canyon. Uma enorme variedade de pássaros e animais que, aos poucos, foram se acostumando conosco, seres humanos, que invadimos seu habitat. Há cem anos esta vila pertencia à cidade de Sorocaba e hoje, depois do desmembramento, é um bairro de Votorantim.
O enorme eucalipto que ficava logo acima do quintal de casa, era um gigante imponente com mais de30 metros de altura e seu tronco precisaria de umas três pessoas para abraçá-lo. Já fazia parte de nossas vidas, nossa horta e o pomar ficavam próximos a ele, portanto, nosso contato era diário. E sem contar que, além de enfeitar o local, o perfume que exalava de suas flores purificavam o ar.
Lá na curva da estrada que subia até o Balanço, onde ficava nossa casa, ficava uma paineira muito antiga, lugar predileto dos sabiás e que, ao entardecer, faziam dos seus galhos um palco de apresentação dos shows com toda aquela cantoria para todos que quisessem ouvir.
Algumas pessoas diziam que ela era mal assombrada e que as noites, ao passar por ela, sentiam um arrepio esquisito pelo corpo. Eu só posso afirmar que minha mãe usava os frutos dela para fazer travesseiro que, além de macios e cheirosos, nos ajudava a dormir feito uns anjinhos.
Um pouco mais adiante ficava a ingazeira e, embaixo dela, uma pedra bem grande onde a parada era obrigatória, primeiro, para tomar fôlego para continuar a subida e, depois, para degustar os ingás bem docinhos .
Vendo umas fotos recentes observei que, ao longo dos anos, houve uma grande mudança e parece que a natureza está querendo tudo de volta o que lhe foi tomado. Confesso que tenho medo de quando voltar à terra em que nasci não consiga localizar estas queridas que ajudaram a escrever um pouco da nossa história. E como me sinto uma exilada gostaria de compartilhar a poesia predileta da minha querida mamãe sobre o exílio.
Canção do Exílio
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Na vila onde nasci antes de ser uma Usina Hidrelétrica era um sítio com mata maravilhosa, lindas cachoeiras, montanhas rochosas parecendo um grande Canyon. Uma enorme variedade de pássaros e animais que, aos poucos, foram se acostumando conosco, seres humanos, que invadimos seu habitat. Há cem anos esta vila pertencia à cidade de Sorocaba e hoje, depois do desmembramento, é um bairro de Votorantim.
O enorme eucalipto que ficava logo acima do quintal de casa, era um gigante imponente com mais de30 metros de altura e seu tronco precisaria de umas três pessoas para abraçá-lo. Já fazia parte de nossas vidas, nossa horta e o pomar ficavam próximos a ele, portanto, nosso contato era diário. E sem contar que, além de enfeitar o local, o perfume que exalava de suas flores purificavam o ar.
Lá na curva da estrada que subia até o Balanço, onde ficava nossa casa, ficava uma paineira muito antiga, lugar predileto dos sabiás e que, ao entardecer, faziam dos seus galhos um palco de apresentação dos shows com toda aquela cantoria para todos que quisessem ouvir.
Algumas pessoas diziam que ela era mal assombrada e que as noites, ao passar por ela, sentiam um arrepio esquisito pelo corpo. Eu só posso afirmar que minha mãe usava os frutos dela para fazer travesseiro que, além de macios e cheirosos, nos ajudava a dormir feito uns anjinhos.
Um pouco mais adiante ficava a ingazeira e, embaixo dela, uma pedra bem grande onde a parada era obrigatória, primeiro, para tomar fôlego para continuar a subida e, depois, para degustar os ingás bem docinhos .
Vendo umas fotos recentes observei que, ao longo dos anos, houve uma grande mudança e parece que a natureza está querendo tudo de volta o que lhe foi tomado. Confesso que tenho medo de quando voltar à terra em que nasci não consiga localizar estas queridas que ajudaram a escrever um pouco da nossa história. E como me sinto uma exilada gostaria de compartilhar a poesia predileta da minha querida mamãe sobre o exílio.
Canção do Exílio
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
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