quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Trem Caipira - Percorrendo os trilhos da memória


Quando estive a passeio em Curitiba-PR fomos até a praia de Caiobá e de lá a cidade de Morretes de onde parte um trem turístico que faz o trajeto de volta até Curitiba.

Fiquei encantada com a paisagem maravilhosa ao longo do percurso, parecia até que o trem andava devagar de propósito para que pudéssemos apreciar todo aquele verde e as flores deslumbrantes daquela mata nativa.
Andei de trem pela primeira vez quando era muito pequena, mas nunca esqueci, foi um trem japonês que saia da estação de Sorocaba e ia até São Paulo. Aquele barulho e os sacolejos pareciam uma lavagem cerebral, por quatro horas ia naquele compasso e quando chegava à estação da luz em São Paulo eu já estava em dúvida para onde eu estava indo.



Outra viagem foi à terra natal do meu pai a cidade de Elias Fausto, em um sitio próximo a Campinas-SP, o tal do trenzinho parava em tudo que era estação, chama-se baldeação essas paradas e quando chegamos ao local já estava escuro, mas escuro mesmo já que no sitio ainda não tinha chegado luz elétrica (usavam lamparina) e só no dia seguinte é que pude realmente conhecer meus primos e tios direito.


Meu filho mais velho viajou por vários países e conta que os passeios foram feitos todos de trem o qual ele achou uma delicia. Pena que no nosso país quase não tem mais esse meio de locomoção.


Agora a história que vou contar do meu tio (Abel irmão da minha mãe) é bem legal. Quando ele era pequeno achou que tinha vocação para ser padre, então minha avó (sua mãe) pediu para o meu avô paterno que o levasse até a cidade de Rio Claro-SP onde tinha um colégio de padres. Com sua pequena mala na mão até porque era pobre e nem tinha tantas coisas para levar lá.

Chegando à estação sorocabana tomaram o trem que os levariam até o colégio e segundo contam foi uma festa a viagem, toda hora passava alguém vendendo guloseimas como cocadas, pé de moleque, pastel, amendoim, paçoca, refrigerantes, chegou uma hora até que ele já estava recusando as ofertas e meu avô bancando tudo.


Chegando lá, logo percebeu que não era aquilo que ele queria, pois colocaram para trabalhar na roça, serviço que ele não estava acostumado, pois morava na cidade. Diante disso, pediu para voltar, foi o meu avô que foi buscá-lo, mas só que desta vez nada de guloseimas e ele virava o rosto quando a “tal” da gostosura passava.



Minha mãe contava que era até bonito ver o meu tio ajoelhado aos pés da sua cama fazendo orações para dormir, mas os irmãos menores caçoavam dele e não demorou muito para ele se esquecer de tudo.


Mas, voltando aos trens, eu adoro a música Trenzinho Caipira de Villa Lobos e recomendo para quem ainda não a conhece ouvir e se maravilhar.

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