Todo final de ano lá em casa era "quase" obrigatório adquirir o calendário do sagrado coração de Jesus. Era uma foto estampada em uma cartolina no formato de 30 x 20 com um bloco de folhinhas fixado na parte de baixo com os 365 dias do ano e mamãe pendurava na parede da sala (que logo mais quero falar dela) onde só ela podia destacar as folhas.
Nas manhãs a sua rotina era acender o fogão a lenha e enquanto não fervia a água para coar o café, começava a ler em voz alta a página do bloquinho. Primeiro a data, o santo do dia e um pequeno resumo da vida do mártir, depois as fases da lua algumas curiosidades tipo Você sabia? E por último O que é o que é?
Nos meus pensamentos de criança às vezes cheguei a imaginar que se destacassem mais folhas poderia adiantar os dias (eu tinha7 anos) e mesmo assim o tempo passou tão rápido que nem percebemos.
A nossa sala de visitas era sui generes e bem espaçosa. No centro ficava a mesa de madeira com quatro cadeiras em cima uma toalha egípcia grossa que parecia uma tapeçaria, comprada do mascate turco que era uma loja ambulante.
Encostada na parede a mesa menor (que eu tenho ate hoje) era usada para passar roupas, o cobertor tinha vários sinais do ferro porque alguém sempre esquecia aquele objeto estranho ligado, o cabo era avulso e conforme ia passando soltava um foguinho e depois um fogaréu, pois o cabo era revestido de barbante.
Ao lado esquerdo nossa linda vitrola que também era rádio de válvulas, nós adorávamos ouvir musica e nos intervalos girar o disco ao contrário para curtir um som diferente (como os DJs de hoje). Perdi a conta de quantos discos foram quebrados e nunca apareceu o destruidor dos 78 rotações.
No canto perto da janela ficava um armário grande que chamávamos de Buffet na verdade não servia para nada. Lá eram guardados uns presentes que dávamos nos dias das mães, uns copos que raramente eram usados, bules e tigelas cheios de poeira com um monte de papéis velhos dentro.
Agora vamos à decoração: em primeiro plano uma foto do Presidente Getulio Vargas já que meu pai gostava muito dele pelas coisas boas que ele fez pelos trabalhadores (salário mínimo e etc.). Quando ele morreu foi um choque para a família Castro, nós o tínhamos como um membro da família e já estávamos acostumados com o retrato do homem (digo do presidente) olhando pra nós diariamente.
Em frente do lado direito o quadro oval do Rei dos Reis JESUS CRISTO e sua mãe com as mãos no coração sempre nos socorrendo nos momentos difíceis.
E para finalizar, a foto do Roy Rogers montado em seu cavalo branco que eu mesma colei. Grudou tanto que eu acho esta lá até hoje mesmo depois de passados mais de 50 anos. Enfim a decoração foi feita a dedo para nenhum decorador botar defeito.
Acredito que poucas pessoas conseguiram reunir tantas "celebridades" diferentes em um lugar tão eclético... rsrsr.
Abraços a todos e até a próxima
Acredito que poucas pessoas conseguiram reunir tantas "celebridades" diferentes em um lugar tão eclético... rsrsr.
Abraços a todos e até a próxima
DEDICO ESTA CRÔNICA A MARIA (EXCELENTE CONTADORA DE HISTÓRIAS), A PEDRINA, A HYASMIM E HENRIQUE QUE TEM ACOMPANHADO O BLOG LÁ DE SANTOS-SP
Bom dia mãezinha querida!
ResponderExcluirSomos presenteados com mais um fabuloso texto. Cada vez que leio uma nova postagem, mais aprendo contigo.
Beijos e te amo
Mare
Nata, teu blog é maravilhoso! Parabéns, querida!!E que prazer ler (e reler!) coisas tão belas que sua memória e seu talento nos proporcionam! Você está fazendo um bem danado a muita gente (prova disto os mais de 2.500 acessos!!) com este seu cantinho tão especial. Que Deus a continue inspirando para continuarmos a desfrutar juntos de toda essa sensibilidade. Abraço forte do Billy "Brother".
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