sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Para a querida Dona Tonica


Estamos quase chegando ao mês de novembro, portanto as vésperas do dia de finados, essa data tão especial que podemos reverenciar as pessoas tão queridas que perdemos ao longo da nossa caminhada. Embora ainda tenhamos muito que aprender, elas contribuíram muito para o nosso crescimento.

Na pessoa da D.Tonica (apelido carinhoso) quero fazer essa singela homenagem a todos os entes queridos que nos deixaram tanta saudade nessa vila que era uma grande família chamada Light. Eu poderia ter escolhido a minha mãe ou as mães dos meus amigos, mas fiquei com medo que as lembranças dela caiam em total esquecimento, principalmente por pessoas como eu que a conheceu ainda era muito pequena.


As palavras se perdem ao longo do tempo, mas as escritas são eternas e Dona Tonica era uma pessoa muito frágil de modos simples, porém de um enorme carisma. Era amada por todos que a rodeavam.


Duas vezes por semana eu ia ate sua casa comprar fermento fleichmam para minha mãe e amassar o pão, tarefa essa que, nós, meninas, aprendíamos muito cedo. Logo de manhã lá estava ela toda arrumadinha com seu avental branco e seu batom vermelho, segundo ela, o marido não gostava de esposa que não se cuida ou algo parecido.


Eu tinha que subir numa mureta que ficava logo abaixo da sua janela para fazer o pedido, enquanto ela ia buscar o produto na geladeira (objeto raro na época) eu ficava observado como era linda a sua sala com aquele sofá de tecido estampado e como brilhava o assoalho de madeira.

 Nos finais do ano era montada uma enorme árvore de natal que alcançava a metade da sala toda iluminada com lâmpadas coloridas (ainda não existiam pisca-piscas). Seu primogênito já era um rapaz, quando ela adotou aquele bebezinho com apenas três dias de vida.


Tinha ficado órfão de mãe, foi uma dedicação total, até nos dias de hoje ela é lembrada por esse menino com muito amor e gratidão. E já se passaram mais de 65 anos!

Na volta da cozinha trazia em uma das mãos o fermento embalado como se fosse uma trouxinha e na outra uma deliciosa fruta do seu pomar: manga, goiaba, figo, dependendo da época.

E finalmente tinha que lhe contar todas as novidades da minha casa, pois não podia ir embora sem ao menos dois dedinhos de prosa, já que era uma pessoa bem informada.

Com certeza a volta para casa era muito mais suave, depois de tanto carinho e degustar aquelas frutas tão gostosas. Quando ela nos deixou eu tinha uns 15 anos, foi uma grande perda e nos deixou muita saudade.

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